Infraestrutura nuclear

TCU pede que MME elabore plano para reestruturar Nuclep

Auditoria aponta capacidade ociosa, desalinhamento com objetivos estratégicos e falhas no controle de custos da fabricante de equipamentos para o setor nuclear

Ministro do TCU Aroldo Cedraz fala durante sessão colegiada no plenário da corte, em 29 de janeiro de 2025 (Foto TCU)
Ministro do TCU Aroldo Cedraz fala durante sessão colegiada no plenário da corte, em 29 de janeiro de 2025 (Foto TCU)

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o Ministério de Minas e Energia (MME) apresente, em até 180 dias, uma proposta fundamentada sobre a manutenção ou reestruturação da Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep).

A medida, segundo a corte de contas, é resultado de auditoria que apontou problemas na organização e no controle de custos da estatal.

O tribunal também determinou que, em até 360 dias, a Nuclep reformule seu modelo de apropriação de custos e implemente um sistema informatizado para processar dados de maneira mais eficiente.

A Nuclep foi criada em 1975 no contexto do Programa Nuclear Brasileiro, fruto de acordo firmado com a Alemanha, para fabricar componentes de grande porte destinados a usinas nucleares. A auditoria avaliou a sustentabilidade financeira da empresa e o cumprimento de sua função original, vinculada aos setores nuclear e de defesa.

De acordo com nota do TCU, a estrutura atual da Nuclep tem capacidade ociosa e está desalinhada dos objetivos estratégicos do país nesses setores.

Além disso, a decisão de ampliar a atuação para outras áreas — como petróleo e gás — não é capaz de cumprir com o objetivo de reduzir a dependência de recursos da União.

O tribunal apontou que a receita gerada por tonelada de aço no setor nuclear é significativamente superior à obtida em outras áreas, dez vezes mais do que na defesa chegando a ser cem vezes superior à gerada pelo óleo e gás.

Outro problema identificado foi a ausência de um sistema eficiente de controle de custos. Segundo o relatório, a empresa utiliza planilhas simples para acompanhar contratos e não dispõe de ferramentas informatizadas integradas ao Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi).

Essa limitação, diz o TCU, prejudica decisões sobre margens de lucro e necessidades de aporte público.

“A Nuclep foi concebida como pilar estratégico para o setor nuclear brasileiro; todavia, a auditoria realizada evidenciou um quadro preocupante de desalinhamento entre a estrutura organizacional e as reais demandas do setor, que resultam na baixa ocupação de sua capacidade produtiva e na dependência crônica de aportes do Tesouro Nacional”, afirmou o relator do processo, ministro Aroldo Cedraz.

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