NESTA EDIÇÃO. EUA desregulam setor de geração de energia nuclear com foco em IA e data centers, enquanto discute reverter incentivos para as fontes renováveis.
MME abre consulta para planejamento da expansão do sistema de transmissão de energia, com 36 novos projetos.
Impactos do congelamento no cronograma de aumento da mistura obrigatória de biodiesel vão da indústria aos portos.
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Trump acelera energia nuclear nos EUA
O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma série de ordens executivas para acelerar a aprovação de novos projetos de geração de energia nuclear, em um pacote de desregulação que prevê, entre outros pontos, prazo máximo de 18 meses para aprovação de novas licenças.
- As medidas dão mais protagonismo às áreas de Energia e Defesa do governo americano nas políticas envolvendo o ciclo da energia nuclear, da produção de combustíveis aos rejeitos.
- As mudanças ocorrem em meio a cortes de gastos e de pessoal na Comissão Nacional de Segurança Nuclear e em incentivos para a geração de energia renovável nos EUA, como parte de ações do governo Trump e do partido Republicano no Congresso, que buscam desfazer as políticas energéticas de Joe Biden (Guardian).
A decisão por incentivar a geração nuclear vem na esteira da corrida por investimentos em novos data centers e a crescente demanda por energia e capacidade de processamento para rodar os serviços de inteligência artificial generativa. “[A] IA demanda muita energia (…) a energia nuclear é segura e boa para o meio ambiente”, disse Trump, na sexta (23/5).
Sem emissão de carbono, a nuclear entra como fonte limpa (não renovável) e firme, atributos requeridos pelos data centers e de interesse de empresas de infraestrutura de dados e as big techs, que puxam o desenvolvimento de novos projetos.
Por aqui, o governo está em vias de criar, por meio de medida provisória, a política nacional de data centers, o que inclui o Redata, um regime tributário especial para desonerar os investimentos no Brasil.
A MP vai prever como critério de habilitação a contratação de energia 100% limpa, o que inclui a nuclear e as renováveis. No contexto brasileiro, a grande aposta são arranjos no mercado livre e de autoprodução de energia, com parques eólico e solar.
O centro da discussão estará também a legislação para IA, que já ocorre na Câmara e no Senado Federal, e a crise do setor de geração renovável, que sofre com a falta de demanda e gargalos no Sistema Interligado Nacional (SIN).
Planejamento para a transmissão. O MME lançou a consulta pública para o primeiro Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica (POTEE) de 2025, com propostas de expansão e reforço que serão contratados para Sistema Interligado Nacional (SIN).
- O POTEE 2025 propõe 36 novas expansões no sistema de transmissão e 28 obras para distribuidoras, além de revisões em edições anteriores. A pasta destacou o reforço no sistema de Acre e Rondônia, para lidar com mudanças climáticas.
- E a expansão da capacidade de subestações no Rio Grande do Sul, favorecendo a integração energética entre Brasil e Uruguai.
Autoprodução de energia. A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) investirá R$ 158 milhões em um arranjo de autoprodução de energia eólica, adquirindo participação em dois parques no Rio Grande do Norte.
- A empresa firmou acordos vinculantes com Casa dos Ventos (Complexo Serra do Tigre) e Auren Energia (Parque Eólico Cajuína III). Os contratos terão vigência de 15 anos e fornecerão 115 MWm de energia para a fábrica da CBA em Alumínio (SP) a partir de 2027.
A MP 1300, da expansão da tarifa social de energia, limita as possibilidades de arranjos de autoprodução de energia, como parte das medidas para contenção de incentivos no setor elétrico e abertura do mercado de energia.
Hidrogênio em xeque. Nos cortes em discussão, o Congresso dos EUA pode reverter benefícios criados para a produção de hidrogênio limpo, em um golpe na política criada por Biden. Projetos estruturantes nos Estados Unidos, na União Europeia e no Brasil enfrentam um compasso de espera devido à incerteza regulatória, escreve Gabriel Chiappini.
- Veja na íntegra na coluna Hidrogênio em foco: Hidrogênio fica na sala de espera em meio a indefinições nos EUA, Europa e Brasil
Opinião. O direito ambiental deve ser observado desde o planejamento até a operação dos data centers. Esses empreendimentos estão sujeitos à legislação ambiental, especialmente quanto ao licenciamento ambiental, à eficiência energética, ao uso de recursos hídricos e ao controle de poluição sonora e atmosférica, escrevem Roberta Jardim de Morais e Patrik Andrade, do Cescon Barrieu.
Biodiesel. Com o congelamento no cronograma de aumento da mistura obrigatória de biodiesel — que deveria ir de 14% em 2024 para 15% em março de 2025 — empresários têm ficado impacientes com a falta de perspectivas. Os impactos vão da indústria aos portos, aponta Carlos Eduardo Hammerschimidt, vice-presidente do Grupo Potencial.
- Durante a sanção do Combustível do Futuro, o grupo anunciou R$ 3 bilhões em investimentos na cadeia do biodiesel, com destaque para a ampliação da capacidade de produção e a construção de um bioduto que entregará o produto direto no pool de Araucária.
Substituto do carvão. A startup brasileira-americana Mirá Biotech fechou um contrato de exportação de 50 mil toneladas anuais de pellets de biomassa sustentável, a partir de 2025, para uma empresa do setor energético na Europa. O acordo tem valor estimado em US$ 7,5 milhões por ano, cerca de R$ 42 milhões. O material pode ser utilizado como substituto do carvão mineral em processos industriais.
Fábricas de fertilizantes. A Petrobras anunciou, na sexta (23/4), a assinatura do acordo com a Proquigel, subsidiária da Unigel, para encerrar contratos de arrendamento das fábricas de fertilizantes do Nordeste. A data para a retomada na Bahia e em Sergipe, segundo comunicado da estatal, ainda será definida.