Financiamento climático

Investidores privados precisam de previsibilidade para investir na transição energética, afirma sócia da eB Capital

Falta de previsibilidade para aprovação de projetos desafia investidores ao redor do mundo

Complexo Solar Casablanca, em Pirapora, Minas Gerais, tem potência instalada total de 358 megawatt-pico (Foto Divulgação Atlas Renewable Energy)
Complexo Solar Casablanca, em Pirapora (MG) tem potência instalada total de 358 megawatt-pico (Foto Divulgação Atlas Renewable Energy)

FLORENÇA (IT) — Investidores privados precisam de previsibilidade para investir na transição energética de países em desenvolvimento, afirmou, nesta segunda-feira (19/5), a sócia-fundadora da eB Capital Luciana Antonini Ribeiro, durante mesa redonda promovida pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) com apoio da Nature4Climate.

Em novembro de 2024, a 29ª Conferência Climática das Nações Unidas (COP29) encerrou com um acordo de que os países ricos deverão liderar a mobilização de pelo menos US$ 300 bilhões anuais até 2035 para países em desenvolvimento investirem em ação climática. Entretanto, os países em desenvolvimento consideram o valor insuficiente e querem US$ 1,3 trilhão anualmente até 2035.

Segundo Ribeiro, o grande desafio da previsibilidade ao se tratar de infraestrutura é que a legislação de quase todos os projetos é a nível local, o que leva investidores a terem que se adaptar a diferentes legislações sem a previsibilidade de quanto tempo vai demorar a aprovação do projeto. 

“Você tem situações nos Estados Unidos em que projetos de infraestrutura fundamentais para que a gente tenha o destravamento de investimentos, demore 12 anos. Qual é a probabilidade de um investidor privado entrar num projeto que vai demorar 12 anos para ser aprovado? Não existe”, disse a executiva.

Outro desafio no financiamento de ações nas nações em desenvolvimento por capital estrangeiro é a variação do risco cambial. Uma situação que pode ocorrer é os investidores terem retorno na moeda do país, mas prejuízo na conversão para dólar.

No ano passado, o governo lançou o Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial, o Eco Invest Brasil, com a expectativa de atrair investidores estrangeiros e reduzir o risco de projetos verdes no país através de mecanismos de proteção cambial.

Entretanto, a executiva considera que a plataforma não é suficiente para resolver o problema.

“Isso resolve um pedaço da equação, que é a equação que pode atrair capital com redução de custo de hedge (mecanismos de proteção contra riscos financeiros). Existe toda uma discussão vinculada a equity (capital investido por sócios) que hoje ainda não está resolvida e que a gente precisa endereçar”, afirmou.

Incertezas econômicas e geopolíticas

O risco político é visto por profissionais seniores de energia como a principal barreira ao crescimento do investimento na transição energética, de acordo com pesquisa da DNV realizada com mais de 1.100 pessoas.

Segundo relatório da empresa, no início do ano, o Índice de Incerteza da Política Econômica Global chegou a um recorde histórico. Entre os fatores agravantes está a guerra comercial iniciada pelos EUA.

O cenário levou ao crescimento em 7 p.p. do número de executivos do setor do petróleo e gás cujas organizações priorizarão combustíveis fósseis em vez de energias renováveis ​​nos próximos cinco anos — 53% em 2025, ante 46% em 2024.

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