Economia circular

Setor de biocombustíveis é segundo que mais adota medidas de economia circular no Brasil, aponta CNI

Indústria considera que a principal barreira econômica é a taxa de juros de financiamento elevada

Petrobras reduz preços de gasolina e do GLP para as distribuidoras a partir de sábado (1/7). Na imagem: Trabalhadores de uniforme laranja passam em frente a tanques de armazenamento de combustíveis em planta da PBIO – Petrobras Biocombustível (Foto: Divulgação PBIO)
Planta da PBIO – Petrobras Biocombustível (Foto: Divulgação PBIO)

LYON (FR) — A indústria de biocombustíveis é o segunda que mais adota medidas circulares no Brasil, com 82% das empresas implementando ações, segundo sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O setor fica apenas atrás de calçados, onde 86% das empresas integram ações de economia circular

O levantamento da entidade entrevistou 1.708 empresas das indústrias extrativista, de transformação e da construção civil no Brasil, entre os dias 3 e 13 de fevereiro de 2025.

De acordo com a sondagem, seis em cada dez organizações adotam práticas de economia circular, abordagem sistêmica para redução do uso de recursos, minimização de resíduos e regeneração de sistemas naturais.

“A indústria, por seu perfil tão diverso, apresenta diferentes níveis de adoção da circularidade entre os setores. Os dados nos ajudam a identificar quais setores têm mais desafios e quais já incorporaram as práticas para que possamos discutir políticas adequadas para a maior disseminação da economia circular, considerando as diferenças de complexidade nas cadeias produtivas dos setores”, diz o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, em nota.

“Entendemos que o tema é peça-chave para o alcance das metas climáticas e para o desenvolvimento sustentável”, completa.

Segundo a McKinsey, práticas circulares podem reduzir custos de produção em até 20% e elevar a receita em até 15%. Ao todo, 35% das empresas afirmaram que a principal vantagem associada à economia circular é a redução de custos operacionais. São também relevantes a melhoria da imagem corporativa (32%) e o estímulo à inovação (30%).

O setor de biocombustíveis é o que mais acredita que as ações da economia circular desenvolvidas na sua empresa contribuem para a redução de gases do efeito estufa (GEE). Além disso, é o que tem maior percepção de que há incentivo por parte da regulamentação educacional, com 47% das indústrias concordando. 

Entretanto, 41% dessas empresas sentem que as regulamentações sanitárias são um obstáculo e 59% que a atual regulamentação tributária dificulta a implementação da economia circular.

Desafios para a adoção de medidas circulares

A principal barreira econômica apontada pelos entrevistados de todos os setores é a taxa de juros de financiamento elevada (22%). Depois, estão a oferta e a demanda de produtos e serviços circulares (20%). Para 19%, não há demanda para esse tipo de produto e serviço. Por isso, 41% da indústria vê necessidade de incentivos econômicos para projetos de inovação em circularidade.

Outro fator que dificulta a implementação de ações são as regulamentações tributárias, segundo 45% das empresas. Para 53%, a principal medida a ser adotada pelo governo é a simplificação das regulamentações, de modo a facilitar a tornar as regras mais claras e acessíveis.

Políticas de incentivo à economia circular no Brasil

Na última quinta-feira (8/5), o governo federal aprovou o Plano Nacional de Economia Circular (Planec). O documento tem como objetivo promover uma transição do modelo de produção linear — aquele que vai da extração, passa pela produção e termina no descarte — para uma economia circular.

Ele faz parte da implementação da Estratégia Nacional de Economia Circular (Enec) e deve ser publicado ainda no primeiro semestre deste ano. A estratégia é baseada nos princípios da não geração de resíduos e poluição; regeneração da natureza; e circulação de materiais em seus mais altos valores pelo maior tempo possível.

Já a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (Lei 12.305/2010), sancionada em 2010, trouxe o conceito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, e incentiva a redução, reutilização e reciclagem de materiais, além da implantação de sistemas de logística reversa para determinados produtos e embalagens.

Neste ano, foi sancionada uma lei que proíbe a importação de resíduos sólidos e de rejeitos, inclusive papel e derivados, plástico, vidro e metal (15.088/2025). Ela foi regulamentada por um decreto que proíbe a importação de resíduos para outras finalidades que não sejam a transformação de materiais e minerais estratégicos em processos industriais.

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