Integração

Eneva recebe autorização para importação de gás da Argentina

Eneva obteve autorização para importar até 3 milhões de metros cúbicos diários de gás natural da Argentina e da Bolívia por um período de dois anos

Eneva propõe fusão com a Vibra e espera acelerar a interiorização e as vendas de gás natural. Na imagem: Planta da Eneva com dois trabalhadores (homens da cor branca), fotografados de costas conversando, com uniformes cinza e capacetes de proteção brancos (Foto: Divulgação)
Trabalhadores em planta da Eneva (Foto: Divulgação)

A Eneva obteve autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para importar até 3 milhões de metros cúbicos diários de gás natural da Argentina e da Bolívia por um período de dois anos.

O aval, publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira (8) prevê a entrega em Corumbá (MS), Cáceres (MT) e Uruguaiana (RS), por meio de gasodutos. A Bolívia é a rota existe de integração entre Argentina e Brasil.

  • Corumbá é a porta de entrada do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), da TBG.
  • Em Cárceres, entra o Lateral Cuiabá, da GasOcidente, um ramal isolado entre Bolívia e o Mato Grosso.
  • Uruguaiana é a conexão existente com a Argentina, da TSB (Sulbrasileira de Gás), mas apenas na fronteira, sem conexão com a rede nacional.

Em março, a Eneva fechou um acordo com a Pampa Energía para a importação da Argentina via Bolívia. A Pampa entrou com pedido de autorização junto ao governo argentino para exportar até 1 milhão de m³/dia para a Eneva até maio de 2027.

Comercializadoras iniciam testes com gás argentino

Semana passada, a Tradener realizou seu primeiro teste de importação de gás da Argentina, fornecido pela Pampa Energía a partir das reservas de Vaca Muerta, na Patagônia.

Foram entregues 110 mil m³, volume destinado a comprovar a viabilidade operacional do corredor Argentina–Bolívia–Brasil.

Com o teste, a Tradener torna-se a quinta comercializadora a avaliar a importação de gás argentino desde abril.

“A operação marca a abertura de uma nova rota de suprimento para o mercado brasileiro”, disse o CEO da Tradener, Guilherme Avila, em nota. O executivo vê o ensaio como passo inicial para maior competitividade e segurança energética no país. A empresa já importa gás boliviano desde 2022.

As operações com gás da Argentina no Brasil:

Por que importar gás da Argentina?

Além de atestar a viabilidade operacional da rota boliviana, as operações servem para provocar o debate sobre a agenda da competitividade do gás argentino. Os primeiros testes, contudo, não refletem o nível de preço desejado, como mostrou a gas week.

A discussão passa por questões regulatórias na Argentina, como a revisão do preço mínimo de exportação e da taxa de exportação (que acrescenta cerca de US$ 0,5 o milhão de BTU ao custo do gás argentino).

Além de uma dos custos do transporte de gás nos três países envolvidos, que superam o custo da molécula em si. O preço final depende muito da origem e do percurso do gás dentro da Argentina.

Rystad Energy estima que, pela estrutura de custos da cadeia, o gás argentino chegou no Brasil entre US$ 7,9 e US$ 10 o milhão de BTU – provavelmente em torno de US$ 9,2 o milhão de BTU.

O valor cobrado das distribuidoras pela Petrobras pode variar de cerca de US$ 8,5 a US$ 10 o milhão de BTU, a depender do tipo de contrato, segundo dados do Ministério de Minas e Energia do início do ano.

A Rystad estima que o custo do transporte na Argentina pode, portanto, variar de US$ 1,5 a US$ 3 o milhão de BTU. E há incertezas, hoje, sobre para onde vão essas tarifas – algo que o Brasil também vivencia, em certa medida, na revisão tarifária das transportadoras locais.

A consultoria calcula que o custo da molécula na Argentina, por sua vez, é da ordem de US$ 4,5 o milhão de BTU, devido ao piso definido pelo governo local, mas que há espaço para redução desse valor em caso de flexibilização do preço mínimo, já que alguns agentes podem ter interesse em reduzir suas margens para se manterem competitivos no mercado brasileiro.

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