Privatização da Eletrobras é essencial, afirma governo após renúncia de Wilson Ferreira Júnior

Bento Albuquerque e Wilson Ferreira Júnior durante evento do BTG Pactual, em 2019 -- foto por Saulo Cruz, MME
Bento Albuquerque e Wilson Ferreira Júnior durante evento do BTG Pactual, em 2019 -- foto por Saulo Cruz, MME

O novo presidente da Eletrobras deverá dar continuidade “às ações de redução de custos” promovidas por Wilson Ferreira Júnior nos quatro anos e meio em em que o executivo foi presidente da estatal, afirmou o Ministério de Minas e Energia (MME), nesta segunda (25).

“O governo federal entende que a capitalização da Eletrobras é essencial e necessária para a recuperação de sua capacidade de investimento”, diz a pasta.

O comunicado foi feito após Wilson Ferreira Júnior renunciar ao cargo de presidente da Eletrobras, para assumir o comando da BR Distribuidora no lugar de Rafael Grisolia. O convite ainda precisa ser aprovado e Ferreira Júnior deve permanecer no cargo até março.

“Wilson liderou um processo de melhoria da eficiência operacional, a qual será mantida. Desta forma, será dado prosseguimento às ações de redução de custos e de aprimoramento da estratégia de sustentabilidade da Eletrobras”, diz o MME.

Sucessão de Ferreira Júnior

Ferreira Júnior continua no Conselho de Administração (CA) da Eletrobras, “no qual continuará dando a sua contribuição”, diz o MME.

O executivo é um dos conselheiros eleitos pela União, ao lado de Ruy Flaks Schneider, que preside o CA e é cotado para assumir a vaga deixada por Wilson Ferreira Júnior, segundo o jornal Valor Econômico.

Ruy Schneider afirmou que “potenciais substitutos de Ferreira Júnior estão sendo analisados, num processo que envolverá uma empresa especializada”. Avalia também que as conclusões sobre o efeito da saída do executivo foram precipitadas.

Ele é oficial da reserva da Marinha e conhecido de longa data do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que é almirante de esquadra.

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Com a saída de Ferreira Júnior, principal defensor da privatização da Eletrobras dentro da estrutura da estatal, o mercado reage como se o o plano estivesse perdendo força.

O executivo renuncia dias após o candidato de Bolsonaro à presidência do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, do DEM de Minas Gerais, diminuir a urgência à privatização da companhia.

Além de ter sido eleito por Minas Gerais, estado tradicionalmente influente na Eletrobras pela presença de Furnas no estado, Pacheco conta com apoio da oposição ao governo Bolsonaro, inclusive do PT, para suceder seu também aliado Davi Alcolumbre (DEM/AP), como presidente do Senado.

Apesar da proximidade com o governo Bolsonaro, Davi Alcolumbre foi porta-voz da insatisfação dos senadores com o plano de capitalização – e pouco fez para reverter esse quadro. Se o governo for bem sucedido, o controle da Eletrobras será pulverizado no mercado de ações, saindo das mãos da União.

A entrevista de Rodrigo Pacheco foi publicada na quinta (21) pelo Broadcast. O senador defendeu que o o país precisa de reformas econômicas e privatizações, mas minimizou a priorização da Eletrobras, como defende o governo federal.

Na semana passada, as ações da Eletrobras recuaram cerca de 11% e voltaram a cair nesta segunda (25).

O comunicado do governo busca desfazer a sensação que a vontade de privatizar a Eletrobras perdeu força.

“Com a capitalização, a Eletrobras se tornará uma corporação brasileira de classe mundial, com capital pulverizado, focada em geração, comercialização e transmissão de energia elétrica, tornando-se uma das maiores empresas de geração renovável do mundo”, defendeu o MME nesta segunda (25).

“O Ministério de Minas e Energia reafirma seu compromisso para tornar a Eletrobras mais forte, mais eficiente e mais competitiva, contribuindo, desta forma, para fomentar o desenvolvimento do setor elétrico e proporcionar maiores investimentos, gerando emprego e renda para a população brasileira, com menores custos para o consumidor de energia”, diz a nota.

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