Importação de biodiesel

Associações defendem regulamentação da importação de biodiesel para aumentar competitividade do mercado

Associações dizem que importação de biodiesel vai ampliar concorrência e reduzir preços internos

Planta de biodiesel, da Potencial Biodiesel, localizada na cidade da Lapa, no Paraná (Foto Divulgação)
Planta de biodiesel, da Potencial Biodiesel, localizada na cidade da Lapa, no Paraná (Foto Divulgação)

JUIZ DE FORA — Grandes entidades do setor de combustíveis no Brasil estão pressionando pela regulamentação da importação de biodiesel, visando ampliar a concorrência e reduzir os preços do produto no mercado interno.

Segundo as associações, a regulamentação pode criar um ambiente mais competitivo, que estimule a melhoria da qualidade do produto e a redução de custos para o consumidor final.

As entidades afirmam que o mercado de biodiesel no Brasil é dominado por um número reduzido de produtores, o que limita a contestação de preços.

Entre as associações que assinam a nota estão Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom); Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Bicombustíveis (Brasilcom); Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustiveis); Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP); Sindicato Nacional dos Transportadores Revendedores Retalhistas (SindTRR).

Os grupos argumentam que a regulamentação da importação não prejudicará a produção nacional, já que o país possui ampla capacidade instalada e matéria-prima disponível. Além disso, afirmam que a medida pode estimular investimentos em eficiência e logística, beneficiando toda a cadeia produtiva.

Com a alta nos preços do óleo de soja, o biodiesel chegou a custar R$ 6,2145 por litro em 2024, o que pressionou o governo a adiar o aumento da mistura obrigatória de B14 para B15, antes prevista para março de 2025.

No mês passado, o ministro da Agricultura afirmou que a expectativa da pasta é de que o cronograma para a mistura de 15% pode ser retomado na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), considerando a perspectiva de acomodação do preço do óleo de soja ao consumidor e a sua oferta nos supermercados, uma preocupação do presidente Lula (PT).

Contexto regulatório

As associações pedem na nota que o CNPE reavalie a decisão de prorrogar o grupo de trabalho sobre a importação e adote medidas para promover um mercado mais livre e competitivo.

As entidades também destacam que a regulamentação é essencial para garantir um ambiente de negócios mais equilibrado e atraente para investimentos.

A importação de biodiesel foi liberada a partir de janeiro de 2023, após a Resolução ANP nº 857/2021. Em novembro do mesmo ano, a agência regulamentou a importação, permitindo a entrada de até 20% da demanda nacional do biocombustível a partir de fontes internacionais e mantendo 80% do mercado para produtores nacionais.

Atualmente, 80% do biodiesel consumido no país deve vir de produtores com o Selo Biocombustível Social.

A liberação da importação foi estabelecida após um estudo conduzido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), com participação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Ministério da Economia, Tribunal de Contas da União (TCU) e outros órgãos.

No entanto, em dezembro de 2023, o CNPE suspendeu a medida e criou um grupo de trabalho para avaliar seus efeitos, atendendo a demandas de produtores nacionais. Na época, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), afirmou, que a decisão do foi importante para não “comprometer a indústria local” do biodiesel e gerar uma “instabilidade nos investidores”.

Na última semana de fevereiro, o governo federal prorrogou por 180 dias o prazo do GT que analisa os impactos da importação de biodiesel e do Selo Biocombustível Social na mistura do diesel vendido no Brasil. Com a decisão, a possibilidade de importação do biocombustível ficará suspensa até agosto deste ano, podendo chegar a quase dois anos de proibição.

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