Corrida industrial

União Europeia lança estratégia para fortalecimento da indústria do bloco

Bússola da Competitividade espera reduzir dependências externas, como de insumos da China e do gás da Rússia

Ursula von der Leyen apresenta nova estratégia para a indústria europeia/ Imagem: EBS - European Broadcasting Service
Ursula von der Leyen apresenta nova estratégia para a indústria europeia/ Imagem: EBS - European Broadcasting Service

RIO — A Comissão Europeia apresentou, nesta quarta (29/1), um plano para reativar a economia da União Europeia (UE), com foco na redução de dependências externas, como de insumos da China e do gás da Rússia, e maior resiliência da indústria europeia. 

A nova estratégia, batizada de Bússola da Competitividade (The Competitiveness Compass), espera reativar a indústria da UE, acelerando a transição para fontes de energia renovável e a diversificação de matérias-primas, como minerais críticos para transição energética, além da reduzir a burocracia e estimular a inovação.

Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o modelo econômico europeu das últimas décadas estava “retido por fraquezas”. 

“Nos últimos 20 a 25 anos, nosso modelo de negócios basicamente se baseou em mão de obra barata da China, presumivelmente energia barata da Rússia e investimentos parcialmente terceirizados em segurança e segurança. Esses dias acabaram”, disse durante o anúncio.

“Vemos que hoje a Europa continua a ficar atrás dos Estados Unidos e da China em crescimento de produtividade. E devemos consertar nossas fraquezas para recuperar a competitividade”, completou.

Reduzindo dependências 

Um dos pilares centrais da nova estratégia é a redução das dependências externas, especialmente em relação à China e à Rússia. 

A guerra na Ucrânia expôs a vulnerabilidade da UE em relação ao gás russo, enquanto a dependência de matérias-primas críticas, como minerais essenciais para a transição energética, tem sido um ponto de preocupação crescente.

A Comissão propõe a diversificação das cadeias de suprimentos por meio de novas parcerias comerciais e de investimento, garantindo o acesso à energia limpa, combustíveis sustentáveis e tecnologias verdes.

“Lançamos uma nova geração de acordos comerciais. Eles garantirão suprimentos de matérias-primas, energia limpa e tecnologia limpa de todo o mundo”, completou von der Leyen.

A UE já possui uma rede de acordos comerciais cobrindo 76 países. Agora, a estratégia inclui a criação de Parcerias de Comércio e Investimento Limpo, que visam garantir o fornecimento de matérias-primas e tecnologias essenciais para a descarbonização.

Além disso, a Comissão planeja revisar as regras de compras públicas para introduzir uma “preferência europeia” em setores críticos, como energia e tecnologia.

Inovação e descarbonização

A Bússola da Competitividade identifica três áreas principais de ação: inovação, descarbonização e segurança econômica. 

No que diz respeito à descarbonização, a UE mantém seu compromisso com o Green Deal, mas busca alinhar a transição energética com a competitividade industrial. 

Um Plano de Ação para Energia Acessível será lançado para enfrentar os altos custos de energia, que continuam a pressionar a indústria europeia. 

A Comissão também propôs um Acordo Industrial Limpo para recompensar os primeiros investidores em tecnologias verdes e acelerar a transição de setores intensivos em energia, como siderurgia, metais e produtos químicos.

“Já somos líderes mundiais em tecnologias limpas, como turbinas eólicas, eletrolisadores e combustíveis de baixo carbono. Mais de um quinto das tecnologias limpas do mundo são desenvolvidas aqui mesmo na Europa. Portanto, temos que trabalhar duro para permanecermos em primeiro lugar”, disse von der Leyen.

Segundo a presidente, nesta quinta (30), será lançado um plano para o futuro da indústria automotiva da região, que vem enfrentando dificuldades com a entrada de veículos elétricos chineses, e com a decisão de proibir a venda de carros a combustão a partir de 2035.

“Garantimos que o futuro dos carros permaneça firmemente enraizado na Europa. Também lançaremos planos de ação personalizados para setores intensivos em energia – só para falar de aço e metais, bem como produtos químicos”.

Para fechar a lacuna de inovação, a UE planeja impulsionar o uso de inteligência artificial (IA) e outras tecnologias emergentes, como biotecnologia, robótica e materiais avançados. A Comissão lançará iniciativas como “Apply AI” e “AI Gigafactories” para acelerar a adoção de IA na indústria, além de um plano para apoiar startups e scale-ups, facilitando o acesso a capital de risco.

O Grupo PPE (Partido Popular Europeu), maior bloco político no Parlamento Europeu, elogiou a estratégia.

Para a eurodeputada Dolors Montserrat, o plano oferece um caminho claro para impulsionar o crescimento econômico e reduzir a burocracia, sem comprometer as ambições climáticas da UE.

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