Economia circular

Maioria da indústria incorpora ações de economia circular no Brasil, diz CNI

Para 68% dos empresários entrevistados, medidas de economia circular contribuem para a redução de gases de efeito estufa

Dois técnicos do programa do PotencializEE em parceria com Finep que oferece linha de crédito visando envolver PMEs no movimento de efeiciência energética para descarbonizar operações (Foto: Divulgação PotencializEE)
Programa busca envolver PMEs no movimento de efeiciência energética para descarbonizar operações (Foto: Divulgação/PotencializEE)

BRASÍLIA — Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada na terça (15/10) mostra que 85% das indústrias instaladas no Brasil desenvolvem pelo menos uma prática de economia circular.

O que é economia circular?

É um modo de produção que utiliza recursos de forma circular, isto é, o fluxo é pensado de forma a aproveitar ao máximo os insumos, reduzindo a produção de resíduos e o desperdício. Isso contribui para mitigar impactos ambientais e emissões de gases de efeito estufa.

Para 68% dos empresários entrevistados, as medidas de economia circular contribuem para a redução de gases de efeito estufa e, consequentemente, para o combate às mudanças climáticas.

A pesquisa ouviu 253 indústrias de transformação e construção entre 17 de maio e 30 de julho de 2024.

“A transição para a economia circular não é apenas uma aspiração, mas uma realidade em constante evolução na indústria, que tem demonstrado um compromisso crescente com a adoção de práticas circulares”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban, no lançamento do estudo.

Impacto sobre o clima

Em 2022, o setor de resíduos foi responsável por 4% (91,3 milhões de toneladas) das emissões de CO2 no Brasil, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

O diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, explica que a adoção de práticas como logística reversa e reciclagem, entre outras, contribuem com a transição para a economia de baixo carbono.

“É menos emissão de gases de efeito estufa, menor extração de novos recursos, melhor uso de energia. Então, as empresas reduzem a pegada de carbono da atividade industrial e evitam agravar outras questões, como a redução da vida útil dos aterros”, avalia Muniz.

A pesquisa também mapeou as práticas mais adotadas pela indústria:

  • 50% afirmam ter programas de sustentabilidade e práticas que melhoram os ganhos ambientais;
  • 42% criam produtos que podem ser recuperados e substituem material virgem por reciclado;
  • 41% desenvolvem produtos para minimizar o consumo, perdas de materiais e energia em todo o ciclo de vida;
  • 40% desenvolvem produtos com maior durabilidade, além de reutilizarem efluentes tratados na produção;
  • 31% reciclam;
  • 26% praticam logística reversa.

Guia para indústrias

Nesta quarta (16), CNI, Firjan (Rio de Janeiro) e Fiesp (São Paulo) publicaram um guia para ajudar as empresas a implementarem práticas da economia circular.

Além de um passo a passo para que as indústrias definam metas e estratégias circulares, e implementem ações práticas, o documento apresenta diretrizes para o estabelecimento de indicadores-chave de desempenho (KPIs) e mensuração do progresso da circularidade dentro das empresas, incluindo metodologias de coleta de dados e avaliação de resultados.

Desde junho, o Brasil conta com a Estratégia Nacional de Economia Circular (Enec), que integra a Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial anunciada pelo governo no início do ano.

A estratégia criou um ambiente normativo e institucional para a economia circular. Paralelamente, a Organização Internacional de Normalização (ISO, na sigla em inglês) lançou três normas, este ano, relacionadas ao tema.

Segundo a CNI, que compôs a delegação brasileira no Comitê Técnico da ISO, esses conceitos devem ser usados como base para influenciar políticas públicas no Brasil, além de terem subsidiado a elaboração do guia.

“A economia circular tem se estabelecido como uma das principais estratégias empresariais para enfrentar os desafios ambientais atuais. Ao revisar e aperfeiçoar a forma como extraímos, transformamos, usamos e descartamos recursos naturais e produtos, as empresas podem se tornar mais eficientes, competitivas e sustentáveis”, afirma Alban.