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Indústria brasileira quer exportar equipamentos e serviços para geração eólica em países vizinhos

País precisa eliminar travas para permitir vendas internacionais, defende presidente da Abeeólica

Élbia Gannoum, Presidente-Executiva da ABEEÓLICA. Foto por Saulo Cruz-MME
Élbia Gannoum, Presidente-Executiva da ABEEÓLICA. Foto por Saulo Cruz-MME

NESTA EDIÇÃO.

Fornecedores da cadeia eólica no Brasil querem exportar serviços e equipamentos. 

Prumo ajusta estratégia para eólicas offshore

Projetos de hidrogênio com pedidos de autorização para ligação à rede somam R$ 180 bilhões.

Âmbar pede nova reunião da Aneel sobre plano de transferência da Amazonas Energia.

Deputados protestam contra transferência da distribuidora amazonense. 

Petrobras inicia contratação de barcos de apoio com conteúdo local.

NDCs brasileiras devem focar no desmatamento, diz MDIC


EDIÇÃO APRESENTADA POR

A política industrial brasileira deve discutir a eliminação de travas para que o país exporte equipamentos e serviços para geração eólica, defende a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum.
 
Alta tributação, dificuldades logísticas e questões relacionadas aos modelos de financiamento para projetos de exportação são as principais barreiras para que os fornecedores instalados no Brasil consigam vender equipamentos a outros países. 
 
“Nos três últimos anos, para construir um parque eólico no Uruguai ou Argentina, fica mais barato trazer uma máquina da Europa do que do Brasil”, afirmou Gannoum em entrevista à Offshore Week, promovido pela agência eixos. Assista na íntegra

  • O debate surge no contexto do movimento powershoring, que está levando a uma reorganização da cadeia produtiva em todo o mundo conforme a disponibilidade de energia barata. 

O Brasil tem uma ampla cadeia de fornecimento instalada, que permite a construção de aerogeradores com até 80% de conteúdo nacional.

Com a desaceleração nos pedidos nos últimos dois anos, no entanto, diversos fabricantes de peças e equipamentos de geração eólica hibernaram fábricas brasileiras ou deixaram o país.

  • “A energia eólica onshore é um dos raros exemplos do Brasil de política industrial que deu certo”, disse Gannoum. 

 
A Abeeólica vai levar uma proposta de política industrial ao governo, tendo em vista não apenas a geração eólica em terra, mas também os projetos no mar (offshore) e o uso dessa energia para desenvolver a cadeia de hidrogênio. 
 
“Um dos pontos da pauta é o Brasil fortalecer a cadeia de fornecimento pensando em fornecer equipamentos e serviços para a América Latina”, afirmou Gannoum. 
 
A executiva ressaltou que o desenvolvimento das eólicas offshore  no país tem potencial para gerar encomendas não apenas para a indústria de equipamentos de eólicas terrestres já instalados no país, como também para a cadeia de fornecedores do petróleo e gás



Petrobras amplia medições para eólicas offshore. Enquanto aguarda a aprovação do marco das eólicas offshore no Congresso para desenvolver projetos, a Petrobras pretende ampliar a medição e análise de dados sobre o potencial dos ventos da costa brasileira, disse o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da estatal, Maurício Tolmasquim.
 
Prumo ajusta estratégia. Enquanto isso, a Prumo Logística, responsável pelo Porto do Açu (RJ),  alterou a estratégia para o segmento. A companhia pretende se posicionar como fornecedora de soluções logísticas para o setor de eólicas offshore, disse o diretor da companhia, Mauro Andrade, na Offshore Week 2024. A empresa chegou a entrar com um pedido de licenciamento de um projeto próximo ao porto, mas decidiu não avançar como desenvolvedora. 
 
Aumento da capacidade de renováveis vai triplicar. O mundo deve adicionar mais de 5,5 terawatts (TW) de nova capacidade de energia renovável entre 2024 e 2030 — quase três vezes o aumento visto entre 2017 e 2023, estima a Agência Internacional de Energia. Solar fotovoltaica e eólica sozinhas devem dobrar sua participação no mix global de eletricidade para 30% até o final da década.
 
Critérios de sustentabilidade em financiamentos. Um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados inclui critérios de sustentabilidade na seleção dos empreendimentos financiados pelos fundos constitucionais do Norte (FNO), do Nordeste (FNE) e do Centro-Oeste (FCO). Já aprovado pelo Senado, o PL 5788/2019 prevê que a seleção de iniciativas para apoio financeiro vai precisar seguir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS).
 
Planta de hidrogênio de Pecém avança. O Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE) aprovou o projeto da Fortescue para a instalação de uma planta de hidrogênio verde no Setor 2 da ZPE do Complexo do Pecém, no Ceará. A companhia recebeu recentemente a licença de instalação da autoridade ambiental do e, a Semace, para que possa iniciar as obras de preparação do terreno até o final do ano.
 
R$ 180 bi para hidrogênio. Os projetos de hidrogênio de eletrólise com pedidos de autorização para ligação de carga à rede elétrica já somam R$ 180 bilhões no Brasil, segundo o secretário de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Rodrigo Rollemberg. Ele disse que o Brasil pretende lançar, ainda este mês, uma plataforma de financiamento climático para captar recursos internacionais para esses grandes empreendimentos.
 
Âmbar vs. Aneel. A Âmbar vai apresentar um agravo na Aneel contra a decisão monocrática do diretor Fernando Mosna que retirou da pauta da reunião extraordinária da agência o recurso da empresa sobre os termos para a transferência da Amazonas Energia. A companhia pede uma nova reunião extraordinária na quinta-feira (10/10) para votar o processo. 

  • O recurso foi apresentado pela Âmbar após a diretoria da Aneel decidir, na semana passada, que a transferência de controle da distribuidora deveria ocorrer nos termos previstos pela área técnica da agência. A Âmbar disse que vai abrir mão do negócio caso o plano de transferência proposto pela companhia não seja aprovado.
  • A medida provisória 1232/2024, que prevê a transferência da Amazonas Energia, perde a validade nesta quinta-feira (10).

Protesto na Câmara. Deputados federais da Comissão de Minas e Energia (CME) cancelaram a sessão, na quarta (9/10), em protesto à medida provisória 1232/24, que autoriza a transferência da Amazonas Energia.  Eram necessários 25 votos para dar continuidade à reunião, mas apenas 23 parlamentares registraram o voto. 

  • O encerramento da comissão prejudicou o avanço do Programa de Desenvolvimento da Indústria de Fertilizantes (Profert), que chegou a ser objeto de um requerimento para a inversão da pauta e, assim, pudesse ser votado antes.

 
Extensão do contrato de usina a carvão. O MME abriu uma consulta pública sobre o contrato de energia de reserva para comercialização da energia produzida pelo Complexo Termelétrico Jorge Lacerda (SC). A outorga de autorização do complexo será prorrogada em 15 anos a partir de janeiro de 2025. A contratação do complexo termelétrico na modalidade de energia de reserva faz parte do Programa de Transição Energética Justa para a região carbonífera de Santa Catarina.
 
Petrobras contrata barcos com conteúdo local. A Petrobras iniciou a contratação de dez barcos de apoio com exigência mínima de conteúdo local de 40% para a construção. A expectativa é que as unidades entrem em operação entre 2029 e 2030. A encomenda de navios com índices mínimos de conteúdo local é um dos pleitos da indústria naval nacional.
 
Municípios querem colaboração. A Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro) quer ampliar a colaboração com cidades de São Paulo, do Espírito Santo e de estados do Nordeste. A organização planeja expandir a abrangência e permitir que qualquer município que receba royalties de petróleo no país possa se consorciar à entidade. Hoje, a Ompetro reúne 11 municípios fluminenses, mas o universo de cidades beneficiadas com receitas do petróleo é de 1.082, em todo o Brasil.
 
Biometano nos investimentos da CEG. O biometano será parte importante do novo plano de investimentos da CEG e CEG Rio, afirmou a diretora de Distribuição da Naturgy, Christiane Delart. A expectativa, segundo Delart, é que o novo plano de negócios impulsionará o desenvolvimento do biocombustível no estado do Rio de Janeiro
 
Caminhões a gás. O Brasil precisa de políticas públicas que incentivem a construção de uma infraestrutura de abastecimento de gás natural e biometano para caminhões, defende o diretor da Scania, Gustavo Bonini. Para ele, o Combustível do Futuro e o Mover são iniciativas bem-vindas para a descarbonização do transporte no Brasil, mas a criação dos corredores a gás passa pela atuação conjunta das três esferas de governo (federal, estadual e municipal). 
 
O que é o Combustível do Futuro. A Lei do Combustível do Futuro (nº 14.993), sancionada na terça-feira (8/10), estabelece medidas para promover a mobilidade sustentável de baixo carbono e a captura e estocagem geológica de carbono (CCS). Também institui três novos programas para a descarbonização da matriz energética brasileira, de incentivo aos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), diesel verde, e biometano. Entenda os principais pontos da nova lei.

Geo Biogas e Copersucar no SAF. A Geo Biogas & Carbon anunciou uma parceria com a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) para uma planta no Brasil para produção de combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) a partir de biogás, em conjunto com a Copersucar.
 
NDC deve focar no desmatamento. O secretário do MDIC, Rodrigo Rollemberg, afirmou, nesta quarta (9/10), que as metas brasileiras de descarbonização na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), do Acordo de Paris, devem focar no desmatamento. Ele ressaltou que o esforço maior deve ser do segmento que mais responde pelas emissões de gases de efeito estufa, que no caso brasileiro é o uso da terra, especialmente o desmatamento e a agricultura.
 
Opinião: Houve um erro de cálculo nos valores de uma indenização que vem sendo paga para as transmissoras de energia. Uma das dezenas de siglas do setor elétrico e que é quase que desconhecida da maior parte da população pode representar um alívio nas contas. Estamos falando da Rede Básica Sistema Existente (RBSE),  que é uma receita anual associada às instalações de transmissão que compõem a rede básica, escrevem os diretores da Abrace, Fernando Teixeirense e Victor Iocca.