RIO – A Geo Biogas & Carbon anunciou, nesta quarta, (9/10), uma parceria com a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) para uma primeira planta no Brasil para produção de combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) a partir de biogás, em conjunto com a Copersucar.
O objetivo é desenvolver em escala comercial um modelo de produção sustentável e que utiliza resíduos de biomassa como fonte de carbono biogênico.
O projeto envolve investimentos de 7,8 milhões de euros, dos quais 1,5 milhões de euros serão recursos do Ministério da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha, que serão implementados pela GIZ, no âmbito do Programa develoPPP.
A empresa espera iniciar em 2025 as operações de uma planta de demonstração de produção de SAF. A previsão é produzir 100 mil litros por ano.
Projeto mira mercado europeu
O CEO da Geo Biogas & Carbon, Alessandro Gardemann disse, em entrevista à eixos na semana passada, que, para além do mercado doméstico de SAF – que tende a ganhar tração com a política Combustível do Futuro sancionada esta semana –, há um enorme potencial para que o Brasil se posicione como exportador do combustível de aviação.
“Os europeus, principalmente, não querem nada que seja food versus fuel [comida vs combustível]… A gente está trabalhando só com resíduos. Então, a gente entra nos mandatos de combustível avançado deles. Então, naturalmente, a gente deveria conseguir um prêmio significativo no mercado europeu”.
A União Europeia (UE), por meio do pacote Fit for 55 e da iniciativa ReFuelEU Aviation, estabeleceu metas para reduzir as emissões líquidas em pelo menos 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990, e alcançar a neutralidade climática até 2050.
Já o Combustível do Futuro estabelece que, a partir de 2027, os operadores aéreos serão obrigados a reduzir as emissões nos voos domésticos por meio do uso de SAF. As metas começam com 1% de redução e crescem gradativamente até atingir 10% em 2037.
“A gente vai ter mandato aqui do SAF também no Brasil. Mas acho que o Brasil tem tanta opção que a gente não precisa necessariamente ficar aqui competindo”, completou Gardemann.
A Geo e GIZ atuarão juntas no estabelecimento da cooperação internacional entre universidades e institutos de pesquisa brasileiros e alemães e no apoio à certificação da cadeia produtiva, desde sua origem, e à regulamentação do biocombustível no Brasil.
Uma das metas dessa parceria é compartilhar a experiência da planta com outras empresas e multiplicadores para a reprodução do projeto por outros investidores. Já com a Copersucar, a Geo atuará na implantação e operação da usina.
Para a GIZ, “é muito gratificante fazer parte desse momento histórico”, afirma Markus Francke, Diretor do Cluster Energia e Transformação Urbana e do projeto H2 Brasil, da GIZ Brasil.
“Esta parceria marca o primeiro grande encontro de pessoas chave desta indústria para celebrar uma ação real e concreta para a sustentabilidade e a descarbonização da aviação, capaz de gerar crescimento econômico, empregos e uma transição energética justa”, completa.