Corredor de gás

Virtu GNL e Edge fecham acordo para viabilizar corredor a gás de SP até Brasília

Virtu vai conectar corredores de SP ao MA e se posicionar como transportador de cargas de terceiros 100% a gás

Caminhão movido a GNL da VirtuGNL utilizado no transporte para distribuição de fertilizantes da Yara Brasil (Foto Divulgação VirtuGNL)
Caminhão movido a GNL da Virtu GNL utilizado no processo de logística de distribuição de fertilizantes da Yara Brasil | Foto Divulgação VirtuGNL

A Virtu GNL e a Edge fecharam um acordo de suprimento de gás natural liquefeito (GNL) para viabilizar a instalação de um corredor de transporte pesado a gás do Porto de Santos rumo ao Centro-Oeste a partir de 2025.

A comercializadora do grupo Cosan fornecerá à Virtu GNL, por dez anos, 150 mil m3/dia de GNL, em gás natural equivalente, a partir do Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP), na Baixada Santista. 

É o primeiro contrato da Edge para comercialização do GNL não regaseificado e off-grid (fora da malha de gasodutos). 

As cargas de GNL sairão do FSRU, o navio regaseificador, em barcaças com oito caminhões-tanques cada uma. Esses veículos ficarão responsáveis pelo transbordo até o continente. 

Em terra, a Virtu GNL construirá centrais de abastecimento para sua frota própria de cerca de 700 caminhões movidos a GNL. A empresa quer se consolidar como uma transportadora de carga de terceiros com frota 100% a gás.

A ideia é trazer cargas do agro rumo ao Porto de Santos com caminhões  a GNL, ajudando os clientes a reduzir sua pegada de carbono.

Virtu estrutura corredor do MA a SP

Tendo o TRSP como fonte de suprimento, a Virtu GNL pretende instalar, entre 2025 e 2026, centrais de abastecimento em Cubatão (SP), Limeira (SP), Uberlândia (MG) e Brasília (DF).

Assim, a empresa fecha o projeto de um grande corredor a gás que conectará, no futuro, o litoral de São Paulo ao Maranhão.

Isso porque a Virtu GNL já desenvolve um primeiro projeto de corredor a gás a partir do Complexo Parnaíba, da Eneva, em Santo Antônio dos Lopes (MA), em direção à capital federal. Serão construídas centrais em Balsas (MA) e Barreiras (BA) nesse trajeto. 

O CEO da empresa, José de Moura Jr., conta que, em janeiro de 2025, a previsão é começar a operar o primeiro trecho, entre as centrais Santo Antônio dos Lopes – Balsas.

Ao todo, a companhia espera investir R$ 1,5 bilhão em 2025.

A companhia já anunciou um grande cliente no Maranhão, a Yara Fertilizantes.

Por ora, a Virtu não irá abastecer com GNL a frota de terceiros. Isso porque a companhia só tem, por enquanto, autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para um projeto piloto de instalação de pontos de abastecimento de caminhões com GNL no Maranhão.

A ideia é que o piloto sirva de base para regulamentação futura da atividade. A Resolução 939/2023, que regulamenta a operação de ponto de abastecimento de combustíveis líquidos, não cita, hoje, o GNL em seu escopo. 

A norma dispensa de autorização as instalações de armazenamento de agentes econômicos regulados pela ANP quando utilizadas para suprimento de sua frota de veículos.

“Mas depois é natural que evolua para isso [abastecimento de frota de terceiros]”, disse Moura Jr. em entrevista à agência eixos.

Edge amplia destinações para seu gás

Para a Edge, o contrato com a Virtu significa uma nova forma de monetização do TRSP. O terminal foi construído tendo como âncora a demanda da Comgás, operada pelo mesmo grupo, mas desde o início das operações do ativo, no primeiro semestre, a companhia já anunciou novos contratos de suprimento.

“Com esse acordo, a Edge começa a materializar um de seus propósitos, de contribuir para redução da pegada de carbono do transporte pesado”,  afirmou o CEO da Edge, Demétrio Magalhães, em entrevista à agência eixos.

No mercado livre, a Edge tem hoje seis contratos com clientes da indústria ceramista de São Paulo e que totalizam 500 mil m3/dia. 

Também fechou, nos últimos meses, acordos de suprimento de curto prazo com a SCGás – os primeiros contratos da comercializadora fora de São Paulo.

Magalhães conta que a companhia mira a expansão do mercado livre, ao mesmo tempo em que monitora oportunidades nas chamadas públicas das distribuidoras e também a demanda termelétrica.

A Edge injeta o gás regaseificado no TRSP, hoje, na malha da Comgás – que aguarda um desfecho para o imbróglio envolvendo a classificação do gasoduto Subida da Serra.

O conflito federativo entre ANP e Arsesp, sobre a classificação do ativo, foi parar no Núcleo de Solução Consensual de Conflitos do Supremo Tribunal Federal (Nusol/STF). A ANP se comprometeu a não tomar medidas restritivas à operação do duto até novembro.

Edge planeja projeto de GNL small-scale em 2025

Em paralelo à captação de novos clientes na malha, a empresa espera começar a operar, no quarto trimestre de 2025, o seu novo negócio de distribuição de GNL em pequena escala.

A partir de Santos, a companhia espera conseguir captar clientes num raio superior a 1 mil km – o que permite à comercializadora chegar em mercados do Triângulo Mineiro,  Centro-Oeste e Sul, por exemplo.

Segundo Magalhães, a Edge não pretende construir uma central de distribuição.

O GNL será descarregado diretamente do FSRU nas carretas de abastecimento do gás liquefeito.