A Petrobras começou a hibernação de 62 plataformas em campos de águas rasas das bacias de Campos, Sergipe, Potiguar (Rio Grande do Norte) e Ceará, que produzem 23 mil barris de petróleo por dia e fazem parte do plano de redução da produção, anunciado em março.
“Essas plataformas não apresentam condições econômicas para operar com preços baixos de petróleo e são ativos em processos de venda”, informou.
Em março, a companhia anunciou que vai reduzir sua produção em 200 mil barris/dia, em resposta à crise que derruba a demanda por petróleo. Estimativa da Agência Internacional de Energia é que, em abril, a demanda cairá 29 mil barris/dia, o que corresponde a cerca de 30% da demanda global por óleo.
A Petrobras não detalha os impactos da hibernação por campos, nem sequer por bacias e os dados de produção da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) tem uma defasagem de dois meses – estão disponíveis os dados de fevereiro. Assim, ainda não é possível precisar o impacto da redução das atividades nos estados.
Durante webinar da FGV Energia, nesta quarta (15), o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, negou que a companhia tenha intenção de demitir trabalhadores de unidades desativadas, ao contrário do que diz ter visto “nas redes sociais”.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) estima que a paralisações das plataformas afeta 360 trabalhadores, “mas esse número pode chegar a 10 mil”. De acordo com a FUP, estimativa é que este número de plataformas desativadas cresça, já que a companhia anunciou a redução da produção para 2,1 milhões barris por dia de petróleo, para abril.
“Todos [os funcionários] serão realocados para outras unidades organizacionais da Petrobras. Caso haja interesse, outra opção é a adesão ao plano de desligamento voluntário (PDV), conforme prevê o plano de pessoal para gestão de portfólio”, informou a empresa, em nota.
Dessas 62 plataformas, 80% não são habitadas, são operadas remotamente. “Os empregados que atuam nas demais unidades habitadas não serão demitidos. Todos serão realocados para outras unidades”, reforçou a companhia.
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O que sabemos até o momento:
- Com a interrupção das plataformas offshore no Ceará, o estado terá apenas um campo produtor ativo, em terra, operado pela Petrobras (Fazenda Belém, com 870 barris/dia). São oito plataformas nos campos de Atum, Curimã, Espada e Xaréu, que entregaram 4,2 mil barris/dia de petróleo e 500 m³/dia de gás, em fevereiro.
- No Rio Grande do Norte são dez plataformas, com produção de 4 mil barris/dia de petróleo e 2 mil m³/dia de gás, totalizando 6,1 mil barris de óleo equivalente (boe) por dia. A Petrobras deixará de produzir nos campos de Agulha, Cioba, Pescada e Ubarana.
- Neste último, ela tinha também um piloto de geração de energia eólica offshore, com uma torre instalada em uma das jaquetas. Era um projeto de P&D, que foi descontinuado. Maior polo petrolífero do Nordeste, o estado tem outros 34,8 mil boe/dia em terra, 77% operado pela Petrobras.
- Em Sergipe, são sete plataformas fixas, em águas rasas, nos campos de Caioba, Camorim e Guaricema, que produzem 650 barris/dia de óleo e 3,2 mil m³/dia de gás natural, totalizando 3,9 mil boe/dia. E há uma plataforma flutuante, no campo de Piranema, com 2,4 mil barris/dia e 5,4 mil m³/dia de gás natural, mas sem aproveitamento comercial do gás.
- Outros 11,4 mil boe/dia são produzidos em terra, todos em campos operadores atualmente pela Petrobras. Maior parte da produção é de petróleo (10,8 mil barris/dia).
- No Rio de Janeiro e Espírito Santo, a Petrobras vai hibernar plataformas fixas, mas também há unidades de campos de maior porte. Afetará os campos de Cherne, Garoupa, Namorado. A Petrobras também tem planos para desativar unidades em águas profundas de Marlim, Marlim Leste, Marlim Sul e Barracuda, mas não detalha esse planejamento.
- Os campos de Pampo e Enchova estão em processo de venda para a Trident, parte dos polos de mesmo nomes, vendidos em 2019.
- Até o momento, foi possível confirmar que há planos de hibernação de PGP-1 (Garoupa), PCH-1 e PCH-2 (Cherne), PNA-1 e PNA-2 (Namorado). Em Marlim, há duas novas unidades contratadas para substituir todo o sistema atual em dois anos.
Todos os dados são referentes à fevereiro deste ano e consultados na ANP.
Correção O texto informada, incorretamente, que os campos de Pampo e Enchova têm hibernação planejada. As unidades, contudo, então em processo de desinvestimento para a Trident.
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