Mercado questiona se coronavírus vai mudar eixo da cadeia de produção de energia solar fotovoltaica

Complexo Apodi Solar (162MW), em Quixeré (CE) (Foto: Ole Jorgen Bratland/Equinor)
Complexo Apodi Solar, em Quixeré (CE) é o primeiro projeto solar da Equinor. Apodi gera 162MW de energia, por meio de 500 mil painéis fotovoltaicos, o equivalente a 300 campos de futebol (Foto: Ole Jorgen Bratland/Equinor)

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Diálogos da Transição

apresentada por

Quem faz
Felipe Maciel, Gabriel Chiappini, Guilherme Serodio e Larissa Fafá
Editada por Gustavo Gaudarde
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Mercado questiona se coronavírus vai mudar eixo da cadeia de produção de energia solar fotovoltaica

A pandemia do coronavírus, que teve seu epicentro na China, atingiu em cheio a indústria global de fabricação de componentes para geração de energia solar fotovoltaica, levando agentes do mercado a se questionarem se a crise provocaria uma mudança no eixo da cadeia produtiva do setor, com substituição de produtos chineses por fornecedores de outros de países do Sudeste Asiático.

Com o vírus se espalhando na Europa e EUA e o recuo de novos casos na China, o país asiático começa a deixar a fase de restrição da sua capacidade produtiva, para lidar com impactos na demanda nos principais mercados consumidores.

A dependência chinesa e os efeitos na demanda por energia levaram a BloombergNEF (BNEF) a revisar sua previsão para o crescimento da potencia global de energia solar em 2020, do intervalo de 121 GW-152 GW para 108 GW-143 GW. Na previsão mais pessimista, a demanda cai pela primeira vez em décadas.

A interrupção no curto prazo da produção na China realçou a necessidade de diversificação da cadeia de suprimento e reforçou os argumentos por aumento da capacidade de fabricação na Ásia, Europa e nos EUA, especialmente para baterias, avaliam os analistas da BNEF, em relatório publicado nesta quinta (12).

Andy Klump, diretor executivo da Clean Energy Associates, que presta consultoria técnica para compradores das peças, afirmou em recente entrevista à BNEF que o mercado já está adquirindo peças de outros países, num movimento que tem favorecido produtores de Vietnã, Malásia, Tailândia e Camboja.

Ele acredita que o impacto deve ser sentido, sobretudo, por consumidores menores, com menos possibilidades de diversificar as compras. O movimento deve favorecer empresas de porte grande e médio, com cadeias de fornecedores mais sólidas e diversificadas.

No Brasil, dados preliminares de importação em fevereiro mostram que, de fato, houve uma queda no volume de desembarque de painéis e células solares, que são majoritariamente vendidos por fabricantes chineses. Mas o mercado está tão aquecido, que o resultado de fevereiro é um dos maiores da história.

No mês, foram importados 26,7 mil toneladas de componentes para geração solar, recuo, em relação ao mês anterior de 31%, quando foram importados 38,9 mil toneladas, mas crescimento anual de 138%, de 11,2 mil toneladas em fevereiro de 2019. É preciso também considerar a alta do dólar, que subiu mais de 11% no primeiro bimestre.

Sem mudanças na origem: desde julho do ano passado, a China continental é responsável por mais de 99% das importações das células solares que chegam no Brasil. Em anos recentes, Tailândia e Vietnã aparecem como concorrentes pontuais das células chinesas e, nos primeiros meses de 2020, Cingapura, Hong Kong, Portugal e Alemanha dividem a ínfima parcela do mercado não-Chinês.

E a despeito da pandemia, e internamente, da alta do dólar, a instalação de sistemas solares fotovoltaicos na geração distribuída, a GD solar, segue firme nos primeiros meses do ano.

Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), compilados até a segunda semana de março, mostram que 28,9 mil novas conexões foram realizadas este ano – levando o Brasil a ultrapassar a marca de 200 mil conexões.

Por enquanto, mercado segue acelerado, instalando nesses pouco mais de dois meses um quarto de tudo que foi instalado em 2019 (114 mil conexões).

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Consulta para regulação do diesel verde

A diretoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou nesta quinta (12) a abertura de consulta e audiência públicas para a resolução que vai definir a especificação do diesel verde, combustíveis de fonte renovável capazes de substituir o diesel de petróleo em motores a combustão.

“O novo combustível será adicionado ao diesel de origem fóssil, que, atualmente, tem obrigatoriamente 12% de biodiesel, resultando em uma mistura ternária, ou seja, um combustível composto pelos três produtos”, informou a agência.

Em epbr: HVO desponta como tendência para produção de diesel renovável

Além do diesel verde automotivo, a regulamentação poderá viabilizar a produção e comercialização do bioquerosene de aviação, regulamentado pela resolução ANP 778/2019.

O período de consulta pública da proposta será de 45 dias. A expansão do uso de biocombustíveis no Brasil está linha com o Renovabio, reforçou a agência.

Curtas

Falando em Renovabio, em sua apresentação para empresários na Flórida (EUA), o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque ressaltou que a produção de biocombustível americana está apta para integrar o programa. Defendeu que uma aliança entre os setores dos dois países é o caminho para “tornar nossos créditos de descarbonização e biocombustíveis commodities internacionais”.

O Santander fechou esta semana 15 primeiros contratos de escrituração de créditos de descarbonização (CBios), com Copersucar, Tereos, São Martinho, CerradinhoBio, Da Mata Açúcar e Álcool, Usina Vale do Paraná, Japungu, Clealco, Bioenergética Aroeira, Tietê Agroindustrial, Usina Batatais, FS Bioenergia, CMAA, Bevap, Bahia Etanol (BEL) e Jalles Machado. Com a assinatura, esses títulos estarão disponíveis para comercialização. Informações do Valor.

O deputado federal Felipe Rigoni (PSB/ES) protocolou na Câmara dos Deputados um projeto de lei para alterar a Lei das SA e determinar que as companhias de capital aberto publiquem em seu relatório da administração uma estimativa de emissões de gases do efeito estufa (GEE), em períodos de 12 meses.

Nova chance para a produção de gás no Espírito Santo. A Petrobras recebeu aprovação da ANP para retomar a produção dos campos de Camarupim e Camarupim Norte, em águas profundas, sem a utilização de plataforma – o sistema será 100% submarino. Os campos produziam até 2015 com o  FPSO Cidade de São Mateus, danificado por uma explosão e desativado desde então. A Petrobras está vendendo os ativos

O financiamento de gasodutos com recursos do Fundo Social do pré-sal foi aprovado em uma comissão do Senado e agora será julgado no plenário da casa. É o Brasduto, um programa criado na Câmara dos Deputados para bancar a expansão da infraestrutura no país – mas o governo é contra e deve vetar a medida.

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