Os projetos e o perfil das carregadoras inscritas na chamada pública do Gasbol

O presidente da Bolívia, Evo Morales, se reúne hoje com Michel Temer em Brasília
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Diálogos da Transição

apresentada por

Quem faz
Felipe Maciel, Guilherme Serodio e Larissa Fafá
Editada por Gustavo Gaudarde
[email protected]

Correção em 17/10: A Air Liquide é consumidora de gás natural. Informamos, incorretamente, que a empresa atuava na comercialização.

As carregadoras inscritas na chamada pública do Gasbol

A TBG divulgou semana passada a lista atualizada das 18 carregadoras de gás natural habilitadas para a primeira rodada de proposta garantida na chamada pública do Gasbol, que oferta até 18 milhões de m³/dia de capacidade de transporte de gás natural.

A listas das empresas não mudou. Por decisão da ANP, o prazo de inscrição foi reaberto e algumas exigências, alteradas para atrair novas carregadoras. A lista, contudo, é diversa e se destacada por trazer grupos e empresas com projetos integrados de gás natural, GNL e geração de energia elétrica.

Seis empresas são produtoras de gás natural e de petróleo, com a maioria atuando internacionalmente. São elas Brasoil, ExxonMobil, Petrobras, Repsol, Shell e YPFB Energia.

A Petrobras está construindo uma unidade de processamento no Comperj (Itaboraí, RJ) e a há uma expectativa por investimento em novas termoelétricas, associadas a produção do pré-sal. O gasoduto de escoamento Rota 3 vai entregar o gás da cessão onerosa no Comperj, conectado à malha da NTS, em Guapimirim (Gasduc III).

Em epbr: Petrobras e Equinor estudam parceria na geração térmica a gás

ExxonMobil e Shell já desenvolvem projetos de geração de energia. A ExxonMobil está no Porto de Sergipe (GNL) e estudou uma conexão entre o terminal Gás Sul (SC) e o Gasbol; Shell faz parte da sociedade que constrói a UTE Marlim Azul (gás do pré-sal), em Macaé (RJ).

Ambas estão no pré-sal: a Shell com ativos em produção (incluindo Mero) e a ExxonMobil, em fase de exploração.

A Brasoil é sócia da Petrobras e da Enauta no campo de Manati, na Bahia, além de ser controlada pela PetroRio, que produz petróleo na Bacia de Campos e tem se movimentado no mercado brasileiro para comprar campos jé em produção.

Repsol está no pré-sal, sozinha e por meio da joint venture Repsol Sinopec, mas também é sócia na TSB (Transportadora Sulbrasileira de Gás), única transportadora com participação da Petrobras que ficou de fora do acordo com o Cade para venda de ativos no segmento. Outras sócias são Ipiranga e Total Gas Power, as quatro com 25% da empresa.

— É por meio da TSB que pode sair uma conexão dos mercados de gás natural da Argentina, Bolívia e Brasil, com a interligação do ramal argentino, que atende à UTE Uruguaiana, e o Gasbol, no polo petroquímico de Triunfo, em Porto Alegre.

E a YPFB é a fornecedora exclusiva do gás boliviano que circula no Gasbol, por meio dos contratos, até o momento, exclusivos da Petrobras. A companhia atua para desenvolver aqui no Brasil a demanda para o gás produzido lá na Bolívia.

O que tem tudo a ver com a MSGás (Mato Grosso do Sul), uma das quatro distribuidoras habilitadas, ao lado da Gas Brasiliano (São Paulo), SCGás (Santa Catarina) e Comgás (São Paulo)A MSGás tem se aproximado das empresas e do governo boliviano.

Para as distribuidoras, a chamada pública representa abertura do mercado, já que atualmente são atendidas pela Petrobras, inclusive com casos de verticalização em São Paulo (a Gas Brasiliano é controlada pela petroleira), o que gera disputas no estado acerca de práticas anticoncorrenciais.

Na lista, há três consumidoras: Air Liquide (gases especiais), Gerdau (metalurgia) e Yara Brasil (fertilizantes).

E cinco comercializadoras: CDGN Logística (gás comprimido e biogás), Comerc (comercializadora de energia), Comercializadora de Gás SAGas Bridge e Ponte Nova.

A Comercializadora de Gás e a Ponte Nova têm participações em comum no mesmo grupo, que está envolvido no desenvolvimento de um hub logístico e de gás do Porto Brasil Sul, também em Santa Catarina. Iniciativa da WorldPort.

A Gas Bridge quer trazer gás pelo Gasbol e transportar para regiões isoladas por navios (cabotagem) e terminais de regaseificação de pequeno ou médio portes.

Em epbr: Empresas assinam acordos para importação de gás boliviano, o que inclui acordo entre Evo Morales e Vladimir Putin, para projeto de fertilizante no Brasil

A chamada pública

A TBG oferta 18 milhões de m³/de capacidade do Gasbol, relativos a um contrato com a Petrobras que vence este ano. Para o gasoduto não ficar parcialmente descontratado, os novos acordos precisam ser fechados até dezembro.

É a primeira concorrência do tipo no Brasil, para acesso a um gasoduto de transporte. Serão feitas até seis rodadas para envio das propostas, começando em 21 de outubro, com divulgação do resultado final até 14 de novembro. Pode ser antes.

Vem mais por aí: Em 2021 e 2024 vencem contratos de 6 milhões de m³/dia, cada, entre a TBG e a Petrobras. Para 2030, vence o último contrato, de 5,2 milhões de m³/dia. A Petrobras, contudo, pode antecipar o acesso aos gasoduto de transporte.

O perfil das emissões de CO2 no Brasil

Em 2018, as emissões de dióxido de carbono lançados na atmosfera caíram em mais de 20 milhões de t CO2 (t CO2), na comparação com 2017, fechando o ano em 402 milhões de t CO2 , -4,9% em um ano.

Desde o pico de atividade econômica (2011), as emissões avançaram a uma taxa anual (CAGR) de 0,47% – na janela de tempo imediatamente anterior, de 2004 a 2011, cresceram a uma taxa de 3,4%.

O segmento de transporte (46%), majoritariamente consumidor de óleo, e a indústria (33%), a partir de carvão mineral, gás natural e petróleo e derivados, foram os segmentos que mais emitiram CO2 em 2018.

Emissões de dióxidos de carbono por fonte e setores no Brasil (2018, mil t CO2)

Notas: (1) outros segmentos incluem agropecuária, residencial, serviços, energia não aproveitada e perdas em refinarias, coquerias e plantas de gás; (2) indústria inclui setor energético; (3) inclui centrais geradoras e autoprodutoras. Fonte: MME

Curtas

Projetos mapeados no Plano Indicativo de Gasodutos (PIG)

Primeiro versão do PIG, elaborado pela EPE, mapeou 11 projetos potenciais para expansão da malha de transporte de gás natural, totalizando cerca de 2 mil km de novos dutos. Representam um investimento estimado em R$ 17 bilhões, para elevar em 124 milhões de m³/dia a capacidade nacional de transporte.

O deputado Sérgio Toledo (PL/AL) apresentou parecer favorável na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para o plano de liberar o uso de gás liquefeito de petróleo (GLP) e ampliar o de gás natural veicular (GNV) em automóveis. Inclui subsídios para o GNV.

Ibama consolidou a análises do licenciamento ambiental para eólicas offshore (.pdf) feita com base em mercados europeus. Documento traz descrições e referências de como os projetos são desenvolvidos nos principais mercados.

Construtoras em São Paulo (Estadão, para assinantes) estão projetando novos edifícios com estações de recarga para veículos elétricos. Demanda puxada pelos mais ricos, com empreendimentos em áreas nobres da cidade, das construtoras Mitre, Benx, Nortis, Eztec, Vitacon, Cyrela e Tegra.

A Equinor anunciou a decisão final para investimento (FID) no projeto de eletrificação dos campos Gullfaks e Snorre por meio do parque eólico offshore Hywind Tampen, no Mar do Norte. Aportes de US$ 660 milhões. Petoro e OMV são sócias nos campos de Gullfaks; em Snorre, estão ExxonMobil, Idemitsu Petroleum, DEA Norge e Vår Energi.