Controle externo da Aneel na pauta da CME nesta quarta

Comissão também pode votar decreto sobre descontos tarifários de energia elétrica no campo

Linhas de transmissão de energia, energia elétrica (Foto: Agência Brasil)
Linhas de transmissão de energia, energia elétrica (Foto: Agência Brasil)

Com a transferência para 24 de abril da audiência pública que visa debater o PL 6407/2013, o projeto da Lei do Gás, a Comissão de Minas e Energia da Câmara terá reunião deliberativa ordinária nesta quarta-feira. Na pauta estão seis requerimentos, entre eles o REQ 22/2019 CME, do deputado Léo Moraes (PODE/RO), que  solicita a criação de uma subcomissão destinada a fiscalizar o trabalho da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Segundo o parlamentar afirmou na justificativa do requerimento, a Aneel tem atuado com “ineficiência, com a piora do serviço entregue ao destinatário final”. Para Moraes, o controle legislativo proposto por ele a partir da subcomissão é “um instrumento constitucional de preservação da segurança sócio jurídica da atuação das agências reguladoras federais”.

Também está na pauta requerimento ( REQ 26/2019 CME) do deputado Cássio Andrade (PSB/PA) solicitando a instalação de outra subcomissão, esta para debater cobranças abusivas de energia elétrica. O deputado critica o reajuste de 2018 das tarifas da CELPA (Centrais Elétricas do Pará) de 11,78% e afirma que além dos reajustes altos, os consumidores ainda precisam lidar com a bitributação do ICMS, onde a base de cálculo do ICMS para a conta de energia incide também sobre as tarifas de transmissão e distribuição. Andrade afirma que a subcomissão proposta vai trabalhar para obter ações concretas que possam amenizar e até mesmo reverter a situação dos consumidores.

Os outros quatro requerimentos solicitam: a realização de Mesa Redonda no Município de Rio Verde, Estado de Goiás, para debater sobre a crise no setor elétrico no estado; realização de audiência pública, no âmbito da Comissão de Minas e Energia, para debater sobre a geração distribuída de energia fotovoltaica; realização de Visita Técnica de membros da Comissão de Minas e Energia à área de rompimento das duas barragens da mineradora MetalMig, no distrito de Oriente Novo, na cidade de Machadinho D’Oeste, em Rondônia; e a realização de Mesa Redonda na Assembleia Legislativa do Estado do Pará para debater a situação da cobrança abusiva de energia elétrica.

Decreto sobre descontos tarifários de energia elétrica no campo na pauta

Também na pauta da CME está o projeto de decreto legislativo PDL 7/2019, que susta o decreto presidencial 9.642/2018, que restringiu os descontos tarifários de energia elétrica no campo.

O texto do PLD 7/2019 é do deputado Heitor Schuch (PSB/RS) e teve parecer favorável na semana passada pelo deputado João Roma (PRB/BA). O PDL, no entanto, não foi votado graças a um pedido de vista de Coronel Armando (PSL/SC). Único vice-líder do governo na CME, o parlamentar tem tentado evitar a votação do texto que vai contra os interesses do governo. Mas o prazo para a vista se esgotou e o texto poder ser votado nesta quarta.

“De acordo com a ANEEL, em 2019, estão estimados em R$ 3,4 bilhões os descontos somente para os consumidores rurais, bem como em R$ 850 milhões para as companhias de saneamento”, lembra o relator da proposta. O deputado Roma afirma que um estudo feito a partir das novas regras incidentes sobre as tarifas aponta aumento imediato médio de 43% na conta de luz no que diz respeito ao gasto com irrigação noturna para pequenos produtores rurais e um aumento anual de 8,5% na tarifa de energia desse grupo no restante do dia.

Ao todo, o texto do PDL tem outras nove propostas de decreto legislativo apensadas, o que dá uma ideia do interesse dos deputados no tema. O texto de João Roma é um substitutivo à proposta original de Schuch e foi escrito pelo consultor legislativo Gabriel Almeida Rocha. Após a CME o texto, se aprovado, segue para a CCJ antes de ser votado em plenário.

Na semana passada, o governo anulou os efeitos do decreto 9.642/2018, publicado ainda no governo Temer. O novo decreto (9.744/19), assinado por Bolsonaro após o retorno de Israel, permite a aplicação de descontos cumulativos para unidades rurais e para atividades de irrigação e agricultura.

A reunião da CME está marcada para as 10h desta quarta-feira.