A produção brasileira de petróleo cresceu 5,2% em outubro em relação ao mês anterior, após cinco meses seguidos de queda – é a maior alta mensal desde maio de 2016. Ao todo, foram produzidos 2,614 milhões de barris/dia de petróleo em outubro, em comparação com 2,485 milhões de barris/dia, em setembro. A alta, em boa parte, é graças a ativos na Bacia de Campos.
São dados da ANP, extraídos no sábado (1/12) e compilados pela epbr.
A Bacia de Campos entrou em declínio em 2014 e está produzindo em um patamar não visto em mais de uma década – o menor em toda a série histórica que utilizamos, iniciada em janeiro de 2006. Em outubro, contudo, a Petrobras retomou a produção de plataformas em projetos-chave da bacia, garantindo o aumento pontual da produção.
Com isso, a Bacia de Campos produziu 1,171 milhão de barris/dia, alta mensal de 9,0% em outubro, que representa um ganho de mais de 97 mil barris/dia no período. Apenas no Parque das Baleias, o aumento foi de 47 mil barris/dia e em Roncador, de 29 mil barris/dia. Destaque também para o Parque das Conchas, operado pela Shell (+7 mil barris/dia) e Frade, pela Chevron (+3 mil barris/dia).
Recorde em Santos
Ao todo, a Bacia de Santos produziu 1,303 milhão de barris/dia, novo recorde mensal, que superou o resultado de julho, de 1,298 milhão de barris/dia. Na comparação com setembro, representa uma alta de 2,5% ou de 32 mil barris/dia.
Resultado do ano
A Bacia de Santos, onde estão os principais ativos do pré-sal, mantém a sua trajetória de crescimento, mas como ficou demonstrado entre os meses de maio e setembro deste ano, as perdas em Campos são capazes de mitigar os ganhos em Santos e derrubar o resultado nacional.
Tanto que, considerando os mesmos períodos de 2017 e 2018, a produção segue em queda este ano, apesar do bom resultado de outubro. Enquanto Santos adicionou, este ano, 162 mil barris/dia de petróleo, a Bacia de Campos acumula uma perda 192 mil barris/dia no mesmo período – outras bacias produzem 18 mil barris/dia a menos.
O saldo são 48 mil barris/dia a menos este ano do que em 2017, até outubro. A média de 2018 está em 2,577 milhões de barris/dia, queda de 1,83% em relação a 2017, de 2,625 milhões de barris/dia.
Em seu comunicado mensal, em 27 de novembro, a Petrobras informou que o resultado de outubro foi beneficiado pelo término de paradas para manutenção nas plataformas P-57 (Jubarte), P-52 (Roncador), e P-25 e P-31 (Albacora). A empresa, que divulga apenas a sua produção, excluindo a parcela de sócios, afirmou que vai cumprir a meta de produzir 2,1 milhões de barris/dia este ano.
Mero
O FPSO Pioneiro de Libra, instalado no campo de Mero, produziu apenas 2 mil barris/dia em outubro, indicando que a unidade está sendo mobilizada para o próximo poço. Mero ainda produz em fase de teste e o campo entregava, nos últimos meses, cerca de 40 mil barris/dia de petróleo, chegando ao pico de 43 mil barris/dia em setembro.
Mero produz por meio de dois poços, um de produção de óleo e outro de injeção de gás. Em um sistema de teste convencional, a produção de óleo fica limitada aos limites de queima de gás. Mero tem o sistema antecipado de produção (SPA) com maior pico de produção já visto no Brasil.
Gás natural
Após um período de queda na entrega de gás em Santos, devido à intervenções na plataforma de Mexilhão, que escoa parte do gás de Lula, no pré-sal (a Rota 1), a disponibilidade total de gás voltou a subir, atingindo 65,2 milhões de m³/dia em outubro. Representa uma alta de 15,57% em relação a setembro, quando a disponibilidade foi de 56,4 milhões de m³/dia.
Excluindo os campos da Eneva, na Bacia do Parnaíba, a disponibilidade em outubro foi de 58,2 milhões de m³/dia, alta de 20,1% em relação a setembro.
Os campos da Eneva precisam ser destacados, porque são um sistema isolado da malha de transporte – a empresa produz gás integrado com a geração de energia (modelo gas-to-wire). A disponibilidade média de gás da Eneva, até outubro deste ano, é de 4,3 milhões de m³/dia, alta de 15,41% em relação ao mesmo período de 2017. O recorde foi 7,9 milhões de m³/dia, em setembro. O projeto está sujeitos a grandes variações, devido a intermitência do despacho das usinas termoelétricas.