Energia

Yara avalia IPO na bolsa de Oslo para divisão de amônia limpa

Listagem da YCA será focada em investidores minoritários para desenvolver economia de hidrogênio

IPO da divisão de amônia limpa da Yara – YCA – será focado em investidores minoritários para desenvolver economia de hidrogênio. Na imagem, projeto Hegra – Heroya Green Ammonia: em que a Yara pretende eletrificar e descarbonizar sua planta de amônia em Porsgrunn, na Noruega
Projeto Hegra – Heroya Green Ammonia: Yara pretende eletrificar e descarbonizar sua planta de amônia em Porsgrunn, na Noruega (Foto: Divulgação)

RECIFE — A Yara International anunciou nesta quarta (4/5) que avalia uma potencial oferta pública inicial (IPO, em inglês) de seu negócio Yara Clean Ammonia (YCA) na Bolsa de Valores de Oslo.

A possível listagem será focada em atrair investidores minoritários e faz parte da estratégia de desenvolver uma economia do hidrogênio, onde a amônia limpa será utilizada em combustíveis de transporte de emissão zero, geração de energia, produção de fertilizantes verdes e outras aplicações industriais.

A amônia limpa — que inclui a rota azul (produzida a partir do gás natural) e a verde (com base em energia renovável) — oferece uma solução para a descarbonização de setores intensivos, como transporte, geração de energia e agricultura.

“A decisão de avaliar um potencial IPO da Yara Clean Ammonia representa o próximo passo natural à medida que a Yara executa sua estratégia para ampliar seu modelo de negócios”, afirma Svein Tore Holsether, CEO da Yara.

Segundo o executivo, a Yara permanecerá como proprietária majoritária e parceira preferencial da YCA.

A empresa possui uma rede global de logística e infraestrutura com mais de 20% de participação no mercado de amônia comercial, cobrindo as operações desde o fornecimento até as vendas. Em 2021, a YCA adquiriu, transportou e vendeu mais de 4 milhões de toneladas de amônia, o que resultou em um lucro de US$ 166 milhões, calculado nos últimos 12 meses.

Ainda de acordo com o planejamento de IPO da Yara, a YCA pretende expandir tanto upstream quanto midstream e downstream na cadeia de valor de amônia limpa. A previsão da empresa é que o mercado global cresça mais que o dobro do volume atual até 2050.

A YCA foi estabelecida como um segmento e unidade de negócios separados em fevereiro de 2021 para se concentrar em amônia limpa. Posteriormente, a Yara Internacional comunicou que a YCA seria constituída como uma entidade legal separada e que a Yara manteria a participação majoritária.

Um IPO potencial levantaria capital para acelerar o crescimento da YCA, dimensionar melhor o valor do negócio e apoiar o aumento do foco de gerenciamento.

“Como maior distribuidora de amônia do mundo — apoiada por ativos de produção próprios e infraestrutura de logística — a Yara e a YCA estão posicionadas de forma única para capturar valor e assumir uma posição de liderança no mercado de amônia limpa”, diz Holsether.

Corredor de amônia verde

No início do mês de abril, a Yara International e Azane Fuel Solutions assinaram um acordo comercial para estabelecer uma rede de bunkers — combustível de navios — à base de amônia verde na Escandinávia até 2024.

Serão os primeiros terminais operacionais de combustível de amônia do mundo.

A amônia verde é um biocombustível produzido a partir do hidrogênio renovável e capaz de substituir o bunker utilizado pelo transporte marítimo.

Responsável por 3% das emissões globais de CO2, o setor está entre os que terão maior dificuldade em descarbonizar suas atividades.

Os terminais de bunker de amônia serão projetados e construídos pela Azane e entregues à Yara.

A empresa global de fertilizantes planeja aproveitar sua posição para fornecer o combustível livre de carbono à indústria naval. É também uma forma de transportar o hidrogênio, cuja demanda tende a crescer nos próximos anos.

Prêmios para amônia azul

A S&P Global Commodity Insights lançou na última semana avaliações de preços de amônia com baixo teor de carbono.

A fornecedora de análises e preços de referência para os mercados de commodities e energia começará a publicar valores diários para amônia azul e prêmios em relação à convencional (feita com hidrogênio fóssil).

Os prêmios serão publicados para locais com alto potencial de se tornarem centros de amônia de baixo carbono à medida que os mercados globais surgirem — Extremo Oriente da Ásia, Oriente Médio, Noroeste da Europa e Costa do Golfo dos EUA, onde já existem mercados convencionais.

“Além de seu uso potencial na descarbonização de combustível para geração de energia e combustível de bunker, a amônia azul é reconhecida como um transportador de hidrogênio dentro do espaço de transição de energia”, explica Anton Ferkov, especialista em preços de hidrogênio e amônia na Ásia-Pacífico e Oriente Médio da S&P Global.

“Essas novas avaliações de preços de amônia azul da Platts trarão maior transparência a um mercado em desenvolvimento e construirão a cadeia de valor de hidrogênio e amônia de baixo carbono”, completa.