"Visão liberal" para Lei do Gás terá oposição na Câmara, diz Maia

Rodrigo Maia fala sobre Lei do Gás na Câmara
Presidente da Câmara dos Deputados, dep. Rodrigo Maia, concede entrevista coletiva sobre a atividade legislativa durante a crise causada pelo coronavírus.Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

A “visão liberal” para a nova Lei do Gás, que é a do governo federal, enfrentará oposição entre os deputados federais, na avaliação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), que defendeu a necessidade de melhoria na infraestrutura do gás natural no país. 

“O governo quer votar a Lei do Gás [e] eu acho bom. No ano passado, em maio, o ministro Paulo Guedes [da Economia] disse que o valor do gás ia cair pela metade e não caiu”, comentou em entrevista coletiva na Câmara dos Deputados, nesta terça (30). 

Maia dividiu a atuação dos parlamentares que acompanham o projeto em dois grupos. Os mais liberais, que acreditam que o mercado, com uma nova regulação, vai realizar os investimentos necessários. Essa é a posição do governo, definiu o presidente da Câmara. 

O segundo grupo, ainda de acordo com Maia, defende que será necessária a injeção de recursos públicos para que o desenvolvimento de projetos de infraestrutura de gás aconteçam no país. 

“Vamos ver na hora que o Plenário tratar dessa matéria, mais na frente, qual vai ser a posição majoritária da Câmara dos Deputados”, comentou. 

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Senado já aprovou recursos para gasodutos

Em março, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou a redistribuição de recursos do Fundo Social, que inclui o financiamento do Fundo de Expansão dos Gasodutos de Transporte e de Escoamento da Produção (Brasduto). O texto ainda precisa ser votado no plenário do Senado Federal para depois ir à sanção presidencial.

A emenda aprovada alterou o projeto do risco hidrológico (GSF) e foi incluída na Câmara dos Deputados, que votou o tema em julho de 2019, com alterações, forçando o reexame no Senado.

Há um compromisso do governo com parlamentares, alinhado com os Ministérios da Economia, para vetar o Brasduto.

A nova Lei do Gás

O projeto da Lei do Gás teve relatório aprovado na Comissão de Minas e Energia da Câmara em outubro do ano passado, depois de seis anos entre idas e vindas na comissão. Aguarda agora relatório do deputado Laércio Oliveira (PP/SE) na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS). Depois, antes de ir para o Senado, ainda precisará passar pelas comissões de Finanças e Tributação (CFT) e Constituição e Justiça (CCJ). 

Está atualmente na CDEICS, onde é relatado pelo deputado Laércio Oliveira (PP/SE). Desde o começo do ano, parlamentares que defendem a aprovação do substitutivo elaborado e aprovado pelo deputado Silas Câmara (Republicamos/AM) no ano passado tentam urgência para votação do texto diretamente no Plenário. 

O parlamentar defendeu recentemente, em artigo exclusivo publicado pela epbr, a nova lei do gás pode favorecer a atração de investimentos, aumento da competição e acesso não discriminatório às infraestruturas em prol de evitar a formação de monopólios.

Em fevereiro, os estados de Minas Gerais e Energia e Espírito Santo  anunciaram que iam se empenhar conjuntamente para a aprovação no da Lei do Gás. O objetivo faz parte do Plano Estratégico Minas Gerais e Espírito Santo, lançado pelos governos estaduais em parceria com as federações das indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e Espírito Santo (Findes). 

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Reinjeção?

O presidente da Câmara citou a diretora de Refino e Gás Natural da Petrobras, Anelise Lara, que recentemente defendeu que não existe problema na infraestrutura para o gás no país e defendeu a reinjeção do energético como forma de aumentar a produção de petróleo. 

“Não falta infraestrutura, hoje, para disponibilizar o gás do pré-sal. Muito dessa crítica está associada à questão que parte desse gás que produzimos é reinjetado. E que se tivéssemos infraestrutura esse gás estaria sendo comercializado (…) a reinjeção de gás tem que continuar porque ela é positiva para o aumento  recuperação de petróleo dos campos, em cerca de 30%”, disse a diretora da Petrobras. 

Este ano, estão sendo injetados entre 50 milhões e 56 milhões de m³/dia de gás natural, sendo 43 milhões a 49 milhões de m³/dia relativos a recuperação secundária de óleo – injeção do gás para gestão da pressão dos reservatório e elevação da produção de óleo. Dados de todos os campos em operação.

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