Videocast gas week

Revisão tarifária das transportadoras de gás precisa de um debate realista, diz CEO da Fluxys

Sébastien Lahouste defende tarifas previsíveis e a atualização da WACC para destravar investimentos e evitar gargalos

RIO — A revisão tarifária das transportadoras de gás natural, em curso, deixa clara a necessidade de se ouvir os “pontos de dor” dos usuários, mas o debate precisa ser encarado de forma realista.

O episódio desta semana do videocastgas week traz a visão do CEO da Fluxys Brasil, Sébastien Lahouste.  Assista na íntegra

“Num contexto onde todo mundo pode opinar é bom e a gente precisa escutar e entender cada vez mais os clientes… entender quais são as frustrações, quais são os pontos de dor e como a gente soluciona isso, mas de maneira realista” 

A Fluxys é a principal sócia da Petrobras na Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG).

Entrou no Brasil em 2021 e, como investidor do setor de transporte, defende tarifas previsíveis e a atualização da WACC – o custo médio ponderado de capital, usado como taxa de remuneração do capital no cálculo das receitas das transportadoras.

Lahouste prega serenidade sobre a revisão tarifária.

“Porque propor coisas que não fazem sentido também não funciona”.

E defender um valor residual zero para a valoração da Base Regulatória de Ativos (BRA) é um desses argumentos que, na visão dele, não fazem sentido. 

O CEO da Fluxys afirma que picos tarifários não são do interesse nem dos usuários, nem dos transportadores.

“A gente não gosta, como investidor, porque dá um resultado que vai muito com picos… [e os usuários] querem saber quanto vão pagar na minha conta amanhã e no ano que vem ou em dois anos”.

WACC está descasado da realidade

Lahouste entende que um dos pontos mais sensíveis para o investidor do setor de transporte de gás, na discussão sobre a revisão tarifária, gira em torno da definição do WACC.

Segundo ele, a taxa atual, de 7,25%, está defasada. O executivo defende a necessidade de se encontrar um patamar “adequado para o investidor poder continuar a assumir o risco de investir”, tendo em vista, por exemplo, o atual patamar de Selic, de 15% ao ano.

A falta de um horizonte para o WACC, lembra ele, é um dos motivos para que até hoje a Nova Transportadora do Sudeste (NTS) não tenha investido na Ecomp Japeri (RJ), o primeiro passo do projeto Corredor Pré-Sal e essencial para compensar a movimentação do gás boliviano no Gasbol.

“Porque ela [NTS] vai financiar o projeto e como você faz se você vai no banco e fala ‘eu não sei qual é o meu WACC, mas vou investir lá no país’?”

“Quando a gente chegou no país a gente já sabia que o gás boliviano ia declinar, mas eu acredito que lá é mais que uma urgência: é parar de falar, de discutir, é só ter uma decisão do regulador… Porque a realidade é que os fluxos mudaram”.

Outros destaques da entrevista

  • Faz sentido para o Brasil a construção de um terminal onshore de GNL, na conexão entre as malhas da NTS e TBG, para prover soluções de flexibilidade
  • E a Fluxys tem interesse num projeto do tipo
  • As perspectivas de desenvolvimento da infraestrutura de transporte multimolécula – algo que a companhia já começa a vivenciar na Europa.
  • Adaptação para a transição energética requer planejamento de longo prazo.
  • Subida da Serra não é um caso complicado, deveria estar conectado à malha
  • Abertura do mercado brasileiro está acontecendo rapidamente
  • Planejamento da conexão do biometano precisa ser realista
  • Fluxys defende socializar custos da conexão do biometano à malha 

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