Videocast gas week

PetroReconcavo mira reduzir ociosidade e custos de UPGN Guamaré em nova aliança com a Brava

VP da PetroReconcavo, João Vitor Moreira relata como a entrada na UPGN da Brava permitiu à empresa reduzir pela metade seus custos no midstream de gás

RIO — Concluída a aquisição de 50% dos ativos de midstream da Brava Energia em Guamaré (RN) pela PetroReconcavo, no fim de setembro, as duas companhias se voltam agora para o trabalho de otimização da infraestrutura de processamento de gás natural.

A ideia é reduzir a capacidade ociosa da UPGN e ampliar a monetização das reservas de gás da Bacia Potiguar – e, em paralelo, diminuir os custos operacionais do ativo.

O episódio desta semana do videocast gas week traz a visão de João Vitor Moreira, vice-presidente de Operações da PetroReconcavo.  Assista na íntegra

O executivo relata como a entrada na UPGN de Guamaré permitiu à empresa sair de um modelo tarifário (como usuária do ativo) para um modelo de base custo (como sócia da UPGN) e, com isso, reduzir pela metade seus custos no midstream em dólar por barril de óleo equivalente. 

“Os primeiros meses de operação já estão demonstrando uma capacidade de redução adicional… do custo de midstream”, afirma Moreira.

Brava e PetroReconcavo vão gerir o ativo por meio de um JOA (Joint Operating Agreement), no qual a Brava permanece como operadora. 

As UPGNs de Guamaré têm capacidade de processamento de 3 milhões de m³/dia, mas atualmente a utilização gira em torno de 1,2 milhão de m³/dia.

“A própria Brava já vinha trabalhando em ganho de eficiência. Agora vamos trabalhar conjuntamente, nós estamos com as equipes de engenharia, com os times que coordenam o consórcio, buscando formas de modernizar e maximizar a utilização dessa planta”

“Então, nós temos sim uma expectativa de que além dos custos iniciais, que a gente continue numa vertente de ganho de eficiência nas plantas de Guamaré”, completou.

Verticalização por segurança

A PetroReconcavo decidiu entrar no midstream de gás dentro de uma estratégia de aumento da eficiência.

O primeiro movimento foi investir numa planta própria na Bahia: a UTG São Roque – investimento de R$ 25 milhões que, segundo Moreira, pagou-se em menos de um ano.

A companhia tem planos de investir numa segunda UPGN na Bahia – a unidade de Miranga, prevista para fim de 2027. E comprou 50% do ativo de Guamaré (RN).

A verticalização parte de uma estratégia de ser menos dependente da operação de terceiros – sob o aspecto dos custos e da eficiência operacional. 

“Campo maduro não pode parar, porque na medida em que ele para o tempo para se retomar a produção gera uma perda de produção muito grande”

“E ter acesso a essas infraestruturas garante que você tenha previsibilidade das paradas programadas, evite paradas não programadas e ganhe eficiência no aspecto de custo”. 

Regulação do acesso preocupa

João Moreira diz que vê com preocupação a discussão sobre a regulação do acesso de terceiros às infraestruturas essenciais de gás.

O acesso, defende ele, deve ser regido pela via negocial: “A gente tem uma preocupação sobre o quão o regulador precisa interferir nesse acesso”

“Eu já reclamei muito da Petrobras sobre o preço, mas é algo que eu nunca entendi que deveria ser arbitrado pela ANP”, complementou.

Outros destaques da entrevista

  • Cerca de 40% da produção da PetroReconcavo, hoje, é de gás natural;
  • Vencimento de contrato com a Bahiagás ao fim de 2026 abre uma janela de oportunidade para rever a estratégia de monetização;
  • PetroReconcavo mira o mercado livre, que vem ganhando tração desde 2024, e também o fornecimento de gás a termelétricas no Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP);
  • Moreira vê com certo ceticismo o desenvolvimento de um mercado para o gás na geração de energia para data centers;
  • Regulamentação proposta pela ANP para os critérios técnicos de diâmetro e pressão para classificação de gasodutos de transporte preocupa, apesar de o gasoduto que liga a UTG São Roque direto à rede da Bahiagás não se enquadrar nos critérios propostos pelo regulador;
  • Mesmo diante do aumento da oferta de gás nacional até o início da década de 2030, o preço do gás no mercado brasileiro ainda deve se manter associado à dinâmica do mercado de GNL;
  • Moreira prega cautela no debate, ainda que veja o programa de desconcentração como uma “solução razoável”
  • Ele também destaca que a desvalorização do preço do barril do petróleo abre oportunidades para M&As e que a PetroReconcavo está pronta para capturá-las;
  • Brasil precisa avançar no debate sobre a exploração não-convencional.

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