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Leilão de gás da União deve combinar preço competitivo com condições flexíveis para a indústria, defende Yara

RIO — O modelo do leilão de gás natural da União, previsto para 2026, deveria oferecer não só um preço competitivo para a indústria, mas também condições de contratos flexíveis, na visão da Yara Fertilizantes, uma das principais clientes industriais do mercado brasileiro.

As perspectivas para o leilão de gás da PPSA foram um dos assuntos do novo episódio do videocast gas week, com Lara Terra, gerente de Sourcing de Energia na Yara.

“Como a gente vai se posicionar no leilão vai depender de como ele for configurado”

Para Lara Terra, compromissos inflexíveis de retirada mínima do gás a longo prazo podem afastar alguns perfis de indústrias.

“Se eu tiver que ter um contrato de 15 anos de compra de gás com take-or-pay de 90%, não sei se faz sentido”.

“‘Se a amônia bater US$ 200 [a tonelada], [um gás a] US$ 8 o milhão de BTU é margem negativa. Então, como que eu vou bidar 90% [de take-or-pay]?”.

Yara defende modelo de opção de compra

Terra defende que o modelo do leilão poderia trabalhar com opções de compra por parte do consumidor industrial, com cláusulas mais flexíveis que lhe permitam ajustar o volume a ser retirado ano a ano, por exemplo.

“O cenário geopolítico é bem complexo. Então, se você tiver uma virada ali de termos macroeconômicos que atinjam a nossa produção, eu tenho que ter a opção de, talvez, sair deste contrato, sabe? Então, esse, para mim, é um princípio básico. E, óbvio, ter um preço competitivo”. 

Segundo ela, ainda não existe hoje uma clareza, para a indústria, do grau de atratividade da concorrência, bem como sobre o real volume disponível.

“Acho que [o leilão] pode, sim, trazer algo interessante, mas é um volume ainda pequeno”. 

O preço mágico para destravar demanda

Se participar do leilão, a Yara deve, a princípio, buscar gás para sua capacidade existente.

Se o gás chegar na porta da fábrica abaixo de US$ 8 o milhão de BTU, segundo Terra, a companhia teria incentivo a ampliar os volumes firmes.

Hoje, a Yara contrata cerca de 200 mil m³/dia – menos de 30% do seu consumo – no mercado spot.

“O que faria que essa flexibilidade virasse uma demanda permanente? O preço ali, hoje, menor que US$ 8 [o milhão de BTU], entre US$ 8 e US$ 7 por milhão de BTU firme, numa condição na porta da minha fábrica… Esse seria um patamar de destravamento de capacidade ociosa”.

Outros destaques da entrevista

  • A jornada de migração da Yara para o mercado livre
  • Mercado spot ainda precisa passar por testes de liquidez
  • Perspectivas de descarbonização e o saldo do decreto do biometano
  • Yara lança concorrência para contratação de volumes de gás para 2026 e espera obter condições mais favoráveis
  • Problema da competitividade do gás não é só a molécula, mas também a infraestrutura de transporte e distribuição
  • Obrigação de conexão à distribuidora reduz competitividade da indústria de fertilizantes
  • É preciso ser mais criterioso na análise dos investimentos necessários em transporte e distribuição

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