As vendas de cargas de botijões de gás liquefeito de petróleo (GLP) no Brasil podem crescer de 7% a 8% com o programa “Gás do Povo”, segundo o presidente do Sindigás, Sérgio Bandeira de Mello.
O executivo explicou que hoje o Brasil tem cerca de 400 milhões de cargas comercializadas por ano, com 140 milhões de botijões em circulação.
O programa dará gratuidade na compra de cerca de 65 milhões de cargas, o que deve levar a um aumento de 30 milhões nas vendas de cargas.
“Não é desprezível, a gente está falando em 7%, 8% de incremento de venda”, disse Bandeira de Mello em entrevista ao estúdio eixos durante a Liquid Gas Week 2025, no Rio de Janeiro. Confira na íntegra acima.
O executivo destacou que, por isso, é importante o avanço rápido no Congresso da aprovação da Medida Provisória 1313/2025, que criou o programa de subsídio para o gás de cozinha.
“Cada empresa vai decidir a sua quantidade e como quer marcar o território dela com relação a esses botijões. Essas decisões têm que ser tomadas agora. Março é o prazo em que o programa vai estar à carga total. Então, idealmente para nós privados, o ideal é que antes do recesso essa MP esteja totalmente aprovada e a lei sancionada”, afirmou.
A expectativa do Sindigás é que o programa não encontre grandes resistências durante o debate no Congresso.
“Acho que a gente foge um pouco daquele debate de que ‘a classe média vai pagar’, mas naturalmente, é claro, tudo que beneficia alguém tem um adversário, a vida sem haters não tem graça”, afirmou.
Próximos passos
Na visão do executivo, além da aprovação da medida provisória, os próximos passos para o avanço do programa envolvem a publicação do decreto de regulamentação e da portaria conjunta do Ministério da Fazenda com o Ministério de Minas e Energia fixando os preços de referência estaduais.
Também é necessária a apresentação do contrato de adesão ao programa, a ser assinado pelas revendas, e do termo de compromisso com as distribuidoras, para garantir os esforços para a oferta na maioria dos municípios do país.
Reforma da regulação
Em relação às discussões sobre a reforma regulatória do setor de GLP, em debate na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Bandeira de Mello defendeu que é importante que esse debate esteja em harmonia às políticas públicas do governo.
O Sindigás critica sobretudo a proposta da ANP de permitir o enchimento do botijão por marcas diferentes.
“Tem um antagonismo entre a medida apresentada em debate pela ANP, pelo menos a questão da utilização de marcas por qualquer um, e a necessidade de investimento em cilindros. Como é que eu faço a decisão de comprar 500 mil cilindros, se em março pode sair uma nova regulação de qualquer um pode usar?”, apontou.
Outros destaques da entrevista
- Perspetivas para o debate sobre a MP 1313/2025 no Congresso Nacional;
- Emendas apresentadas à MP 1313/2025;
- Preocupações com a aplicação do “Gás do Povo”;
- Judicialização da reforma regulatória para o setor de GLP proposta pela ANP;
- Exemplos internacionais de combate à pobreza energética, com lições a serem aprendidas de experiências no Peru, Colômbia e Índia.