CAMPINAS — A redução dos pedágios para caminhões a gás natural, nas rodovias, deveria ser pensada como a próxima política de estímulo à descarbonização do setor de transporte pesado no Brasil, defende o diretor Institucional da Scania para a América Latina, Gustavo Bonini.
Em entrevista ao estúdio eixos no 12º Fórum do Biogás, o executivo vê um momento oportuno para a discussão do assunto no Brasil. E citou a Alemanha como uma fonte de inspiração para a criação do incentivo.
“Afinal de contas, se a gente quer promover a sustentabilidade, a descarbonização, a redução de emissões, o cumprimento de metas de redução de CO², nada mais justo que a gente ter também a redução do pedágio”, afirmou.
“É o momento de fazer esse estímulo. É o momento em que as frotas ainda estão crescendo, ou seja, não vai significar um grande gasto público para ter essa isenção”, completou. Assista na íntegra acima.
Bonini comentou, ainda, sobre a necessidade de um programa de renovação de frota para fomentar a circulação de caminhões mais novos e menos poluentes.
Corredores a gás serão o próximo passo
Na visão do diretor da Scania, o próximo passo para avanço da utilização do gás no transporte pesado no Brasil é a implementação dos corredores a gás.
“Sejam corredores estaduais ou federais, precisamos encontrar dentro das políticas públicas formas de fomentar esses corredores, ou seja, estimular a criação desses postos [de abastecimento] ou a ampliação desses postos para conseguir atender o transporte pesado”, disse.
Este ano, houve dois importantes avanços em termos de políticas para o setor: parlamentares derrubaram dois vetos – um deles do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten) e outro do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) – que asseguraram fontes de financiamento para projetos de transporte a gás:
- Do Paten, o Congresso retomou o artigo que incluía projetos de infraestrutura de abastecimento de gás natural comprimido (GNC) ou liquefeito (GNL) no rol de projetos elegíveis aos recursos do Fundo Clima;
- O mesmo artigo contempla “ativos de mobilidade logística” (incluindo caminhões fora de estrada, equipamentos agrícolas, ônibus e micro-ônibus) movidos a biometano, biogás, etanol e gás natural.
Atualmente, no Brasil, as principais iniciativas do tipo partem das distribuidoras de gás canalizado e dos governos estaduais.
Em paralelo, a Virtu GNL desenvolve um projeto pioneiro de infraestrutura de postos de abastecimento de gás natural liquefeito (GNL). A companhia espera, com aporte de capital da Perfin Infra, escalar o desenvolvimento do negócio.