O diretor executivo de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Cláudio Schlosser, disse em entrevista ao estúdio eixos, nesta terça (24/9), que companhia já negocia 10 milhões de litros por mês de diesel coprocessado.
Segundo Schlosser, o combustível com 5% de parcela renovável tem sido negociado junto aos produtos de diesel.
“Esse consumo voluntário tem remunerado o capital”, disse.
Mesmo sem um mandato para esse produto, a companhia tem planos para ampliar a oferta e produzir o coprocessado nas refinarias de Paulínia (Replan), Duque de Caxias (Reduc) e Gabriel Passos. Atualmente, as refinarias Getúlio Vargas (Repar) e Presidente Bernardes (RPBC) produzem o coprocessado.
A estatal defendia a inclusão do diesel coprocessado no mandato do diesel verde previsto no projeto de lei do Combustível do Futuro, mas o projeto foi aprovado na Câmara sem atender ao pleito da petroleira.
“Vamos trabalhar fortemente para avançar com o coprocessado. E também temos aqui para o futuro, plantas dedicadas para o SAF [combustível sustentável de aviação], uma na RPBC e outra no Comperj, com previsão de 15 mil barris para cada uma delas. O consumo de óleo vegetal esperado é em torno de 2 milhões de toneladas por ano, e ainda tem uma oportunidade para o sebo, que gira em torno de 30% e pode representar de 400 a 600 mil toneladas, com uma intensidade de carbono muito baixa”, afirmou.
Biobunker
A Petrobras também quer ampliar a oferta de produtos para a descarbonização do transporte marítimo.
O diretor lembrou que a empresa já está vendendo bunker com baixo teor de enxofre e iniciou testes e comercialização desse combustível com mistura de biodiesel.
A companhia testou diferentes misturas de biodiesel ao bunker em um navio cargueiro de GLP da Transpetro.
Recentemente, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autorizou a venda do combustível com a parcela renovável. Segundo Schlosser, a mistura de 24% do combustível renovável ao fóssil reduz 60% das emissões.
“Entregar um biocombustível junto com um mineral é a alternativa mais custo-efetiva que você tem no primeiro momento”, afirmou.
Ele também aponta interesse em alternativas no mercado de hidrogênio, como a amônia e o metanol.
“Esses processos todos requerem um investimento e têm um prazo de maturidade. Quando nós lançamos essa possibilidade de misturar [biodiesel ao bunker], na verdade o que estamos fazendo é antecipar ao mercado uma demanda de uma forma custo-efetiva pela mistura de dois componentes”, afirmou.