RIO – A S&P Global já mapeou oito hubs de captura de carbono (CCS) no Brasil, disse Rodrigo Vaz, diretor de Upstream da companhia nesta quarta-feira (21/6). Ele falou em entrevista exclusiva ao estúdio epbr durante a ESG Energy Forum do IBP, no Rio de Janeiro (veja a íntegra acima).
“Onde tem os clusters principais de emissão e onde tem potenciais de armazenagem a gente identificou oito hubs no Brasil. E sendo que dois deles representam dois terços de toda a capacidade de captura de CO2 estão na região Sudeste”, disse o executivo.
Vaz disse que há dois hubs com maior potencial comercial atualmente, pois poderiam ser ancorados por indústrias que já têm incentivo para usar CCS. Um deles seria no Espírito Santo, usando os campos depletados da Bacia de Campos para armazenamento.
Aço e etanol podem ancorar hubs de CCS
“Seria ancorado na indústria de ferro e aço, que ela tem um incentivo hoje (…) O principal mercado deles é exportar pra Europa. E na Europa tá chegando o CBAM [Carbon Border Adjustment Mechanism]. A partir de 2026 vai ter essa taxação do carbono. Se eles quiserem manter a competitividade, precisa dar um jeito de ter essa tecnologia CCS no seu processo.”
Outro hub seria na formação salina do Paraná, ancorado na indústria do etanol.
“A indústria etanol sozinha não faz um não faz um projeto de CCUS, mas você usando como hub, com uma capilaridade maior, você juntando com um ramificações no gasoduto de transporte (…) A indústria de etanol porque, além do incentivo do RenovaBio, ela exporta pros Estados Unidos, e a Califórnia tem o LCFS [Low Carbon Fuel Standard], que é também um estímulo incentivo fiscal para eles.”
Exemplo do gás natural
Com a evolução do mercado, o carbono pode se tornar uma commodity, seguindo o mesmo caminho do gás natural, afirma Vaz. Para isso, no entanto, os incentivos e regulações têm que ser adequados e impulsionar o mercado.
“Hoje em dia é puro custo. O CO2 só aumenta o custo da operação, se você não emitir, mas com o avanço da regulação, temos sinais de preço e isso vira um negócio. (…) Vai virar uma commodity. Como o mercado de gás. O mercado de gás também evoluiu assim. Começa com âncora e você depois consegue gerar receita em cima daquilo, então a gente espera que também com CO2 ele seja um dia uma commodity. Mas primeiro a gente tem que ir devagar, garantir que vai ter as condições. Tanto a política de incentivo, quanto o arcabouço regulatório, tem que estar no lugar para tirar o risco.”