Os poços com baixa produtividade precisam de um tratamento diferenciado por parte dos órgãos reguladores, defende o CEO da Mandacaru Energia, Caetano Machado, em entrevista ao estúdio eixos, durante o Sergipe Oil & Gas.
A empresa tem a expectativa de começar nas próximas semanas a extração em poços adquiridos junto à PetroRecôncavo, localizados no Rio Grande do Norte.
O CEO da Mandacaru entende que as características deste tipo de empreendimento demandam condições específicas para empresas que extraem gás em pequenas quantidades. Hoje, pequenos produtores recebem o mesmo tratamento de grandes petroleiras.
“Estamos falando de 6 mil metros cúbicos de gás por dia. O pequeno produtor não vai misturar o gás com ninguém. Eu produzo, comprimo, boto no caminhão e entrego no produtor final. Eu não passo por gasoduto de ninguém, não misturo meu gás com ninguém, não tenho mistura de correntes”, explica.
Assim, a revisão das normas seria vantajosa para os agentes, na visão de Machado, mas essa revisão depende do diálogo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
“Gostaríamos de alguma flexibilização”, diz.
“Podemos levar a campo, explicar o modelo do pequeno e ver como adaptar esse modelo, no baixo custo, para podermos continuar operando e não interferir em nenhum regulamento, ou nenhuma nova norma que seja estabelecida pela ANP”, completa.
Quando fala de poços de baixa produtividade, o CEO menciona locais perfurados há 20 anos, o que pode trazer conveniências ambientais e preservar empregos.
“O poço produz muito pouquinho, ele produz cinco barris. Tem poços no mar que produzem 50 mil barris. Então, os poços dos cinco barris têm que ter um tratamento especial. Se eu consigo prolongar a vida da produção desses poços, eu continuo gerando emprego, eu continuo pagando royalties, eu continuo levando riqueza para o interior”.
Menos emissões e agenda ESG
O CEO da Mandacaru aponta uma preocupação com a pegada de carbono das operações da empresa. Uma das ações colocadas em prática é o tratamento da água extraída dos poços de petróleo.
“No passado era rejeito, hoje ela faz irrigação de mata nativa. A gente faz reflorestamento, tem melhora de fauna e flora. A gente já está muito próximo de ter um campo emitindo zero. Ou seja, a gente vai estar compensando mais do que a gente emite. E é possível fazer isso em muitos poços de terra, onde a gente consegue reutilizar a água, dependendo do seu tratamento”, afirmou.
A agenda ESG da Mandacaru também diz respeito à contratação dos funcionários, priorizando aqueles que moram perto dos poços.
“Conseguimos socialmente contratar mão de obra local. E com isso, essas famílias têm um poder aquisitivo melhor, podem cuidar melhor da saúde, podem fazer outras coisas. Ou seja, no onshore, as empresas independentes são capazes de fazer uma transformação social respeitando o meio ambiente e respeitando as emissões”, conclui.