O presidente da Associação de Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasoduto (Atgás), Rogério Manso, entende que o Plano Integrado de Infraestruturas, criado na mudança da regulação do Lei do Gás, tem potencial para alavancar investimentos no setor.
“Já estamos nos mobilizando para participar desse esforço e com muito otimismo. A gente acha que vai ser muito bom”, disse.
Em entrevista ao estúdio eixos nesta quinta (26/9), ele afirmou que o plano decenal de investimentos para o setor, previsto em mais de R$ 30 bilhões no horizonte entre 2024 e 2033, já foi apresentado à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Rogério Manso defendeu ainda que os terminais de gás natural liquefeito (GNL) sejam considerados no planejamento integrado do setor.
“Principalmente dos terminais ilhados, que de alguma forma, a gente entende que eles estão trazendo custos operacionais elevados para o sistema”, disse o executivo à eixos.
Na visão da Atgás, terminais de GNL viabilizados por leilões de térmicas acabam retirando gás natural da malha integrada, elevando custos para o restantes dos consumidores.
Uma versão do decreto chegou a considerar os ativos como parte integrante do sistema de transporte, sujeito à regulação adicional criada pelo governo. Medida foi excluída na edição final.
Plano prevê investimento em estações de compressão
A elaboração do plano já é prevista na legislação. Com o novo decreto, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) passa a atuar na elaboração dos planos integrados. O decreto amplia capacidade do governo para o planejamento setorial.
São projetos da NTS, TAG e TBG, que controlam os gasodutos no país. O planejamento aborda questões de segurança de suprimento em um horizonte de dez anos e inclui projetos avançados, mas também em fase conceitual e pré-conceitual.
Esse valor inclui R$ 18 bilhões em projetos de expansão da malha que já estão nos planos de negócios das transportadoras e que focam, sobretudo, na ampliação da capacidade de atendimento dos mercados de gás já existentes.
Há previsão de 31 projetos que, segundo o presidente, terão de passar por vários testes de mercado, de regulação e dos próprios sistemas de governança das transportadoras.
“As prioridades são estações de compressão, para utilizar ao máximo a capacidade da rede atual. Eficiência é um mantra dentro das indústrias de infraestrutura”, afirmou.
Na primeira fase dos investimentos, até 2030, Manso detalha que está concentrada em cinco estações de compressão, sendo três consideradas prioritárias, para resolver questões na malha da TAG, em Itajuípe (BA), da NTS, em Japeri (RJ), e da TBG, em Gaspar (SC).
O presidente da ATGás ponderou que, em alguns lugares, não é possível resolver a equação do transporte por estações de compressão.
“Vai precisar fazer trechos de gasoduto que vão tender a ficar paralelos a trechos existentes, mas são poucos, estou falando aqui de algumas centenas de quilômetros, basicamente para resolver aqueles gargalos”, explicou.
A partir de 2030, Manso estima 3 mil novos quilômetros de dutos. A expansão se daria em regiões interioranas de estados já atendidos pela rede.