No último episódio da temporada 2023 do Energy Talks, a agência epbr conversou com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (veja a íntegra acima). O executivo falou sobre os planos da empresa para os próximos anos, guerra Israel x Hamas, suspensão das sanções da Venezuela, refino, biocombustíveis e hidrogênio, entre outros temas.
Veja as principais falas e tópicos abordados.
Transição energética
“O ambiente em volta está mudando, o ambiente exige novas empresas de petróleo em transição, e esse é o grande desafio que a gente tem pela frente hoje. Esse desafio, como eu disse, é duplo, porque você tem que manter os resultados e os recordes que estão aparecendo agora, esses dois meses agora nós tivemos uma sequência de recordes importantes, recordes da produção de gás, recordes da produção de petróleo, recordes da utilização da capacidade de refinarias, recordes do processamento de gás do pré-sal, e acho que isso indica que nós não perdemos o foco no principal, no que sabemos fazer e no que queremos que continue sendo a Petrobras o grande protagonista da base de abastecimento de petróleo e gás do país.”
Guerras e preço do petróleo
“Só que, nesse caso aí [da guerra Israel x Hamas], não é que isso não influencie no preço, influencia, porque já estava projetada uma alta, nós já estávamos num viés de alta consistente, uns patamares cada vez mais ascendentes no futuro, no passado próximo. Então, desde agosto, nós fizemos, por exemplo, um ajuste, agora já estávamos no limiar de fazer mais uma consideração importante em relação aos novos patamares de preço [o reajuste foi anunciado logo após a entrevista] e, com esse conflito, no mínimo a coisa volta para estabilizar, mas estabiliza em alta, estabiliza num patamar alto.”
Expansão do refino
“Nós temos a convicção de que há possibilidade de a gente incrementar em duas Reducs a capacidade do Brasil de refino, ajustando o parque de refino atual e completando também os trens que faltam. Por exemplo, na Renest e no Gaslub – ou Comperj, como queriam conhecê-lo.”
Gás natural no transporte
“O gás é uma discussão que a gente ainda não equacionou no Brasil. Não é culpa desse, nem do anterior, nem do outro, nem do outro governo. Simplesmente, o gás, como sempre, foi um coproduto, não chamo de subproduto, mas de coproduto do petróleo. Para nós, isso é uma realidade inafastável (…) então, é diferente a nossa realidade. Ela exige que gás natural seja tratado com uma escolha crítica de prioridades. Não tem gás para fazer termoelétrica, indústria, fertilizantes, petroquímica e veicular ao mesmo tempo no Brasil todo.”
Biorrefino
“Como eu disse, é a metamorfose ambulante, fazendo todas as áreas sem perder o foco, sem se perder em áreas que sejam completamente diferentes do que a gente já faz, com um paralelismo claro na transição energética, offshore eólico, porque nós somos a Offshore Company, coprocessamento de óleo vegetal, porque nós temos o maior parque de refino da América Latina, hidrogênio, porque nós temos experiência e estrutura em gás natural e a logística é parecida, enfim, então, complementando as coisas, fazendo uma transição inteligente, suave e não traumática.”
Investimento em etanol
“Não, não, nós ainda não estamos certos sobre isso, a gente está analisando, olhando o mercado de etanol ainda, porque já houve uma época em que foi investido nisso, usinas de etanol, tudo isso, mas nós estamos agora, por exemplo, na discussão do plano estratégico como uma coisa na área de produção, mas a gente tem que olhar, porque é um mercado importante, para o Brasil é muito importante também a presença da Petrobras nessa área, enfim, é um produto que é complementar, como pudesse ser visto, pode ser até visto como concorrente numa linha do tempo, mas a gente não enxerga assim, até porque ele está misturado na gasolina também, enfim, faz parte da composição do combustível nacional.”
Futuro da PBio
“Nós não queremos, absolutamente, não faremos uma concorrência predatória com esses mercados, é bom que se diga isso, que alguns produtores de biodiesel ficam com medo, falam, a Petrobras vai comprar o óleo vegetal todo, vai começar a fazer diesel que não é transesterificado, vai acabar com a gente, não vai acabar com nada disso (…) a gente vai ajudar o mercado de óleo vegetal, vai dar mais competitividade a esse mercado de óleo vegetal, então não há o que temer, nós somos parceiros dos produtores de biodiesel.”
Investimento na Venezuela
“As sanções da Venezuela, elas nos inspiram a pensar em seriamente considerar investimentos na Venezuela. E absolutamente, pelo amor de Deus, não tem absolutamente nada a ver com questões ideológicas, afinidades políticas que possa haver entre os dois países, entre os dirigentes, etc.”
Hidrogênio
“Nós, hoje, você está certo, pouca gente se lembra disso, nós somos grandes utilizadores de hidrogênio, aqueles processos que a gente chama, conhece mais os refinos, hidrotratamento, tudo que é hidro, alguma coisa, hidrogênio na veia da refinaria lá. São partes das refinarias que usam hidrogênio. Evidentemente, existe uma questão de causa e efeito que às vezes se inverte. Se eu sou o maior consumidor de hidrogênio, concorda que eu sou um player perfeito, para começar um projeto de hidrogênio no Brasil?”
Margem Equatorial
“Eu, sinceramente, não acredito que a gente não vai conseguir essa licença na margem equatorial. E não estou falando isso achando que, assim, desprezando a questão da própria licença. Claro que não. Seria o último a fazer isso, até porque até hoje vocês não me viram, ninguém me viu jamais culpar o Ibama, nem responsabilizar o Ibama ou criticar o Ibama por demorar ou por ter feito, por exemplo, aquele parecer inicial negativo sobre a licença.
Exploração no exterior
“Está [avaliando aquisições], não só no Brasil como no exterior. Então, nós estamos olhando, nós precisamos voltar a ser uma empresa global. Isso se dá tanto na transição energética, em projetos e parcerias onde a gente traga sócios para cá e avente processos também em projetos e parcerias fora, mas principalmente no que a gente já faz de bom.”
Transição justa
“A mensagem (…) é que nós precisamos nos juntar produtores de petróleo de alta tecnologia e desenvolvimento e que são responsáveis pela soberania dos seus países, pelo desenvolvimento nacional de cada um dos seus países, para contribuir com a transição energética, e mais do que contribuir, liderar a transição energética.”
Recomposição do portfólio de óleo e gás
“O ganho desse portfólio internacional é, primeiro, voltar a ter experiência e presença internacional. Isso já é um ganho por si só. Mas, para isso, usar o que você já sabe fazer de melhor, quer dizer, chegar a um país e dizer, eu tenho essas credenciais e consigo tirar esse petróleo, esse gás, juntar isso com projetos renováveis e fazer uma coisa moderna, segura para você, que está começando agora, está ali engatinhando nesse negócio.”
Campos terrestres e maduros
“Sobre terra e maturidade de campos, eu acho que a Petrobras só entraria nisso se fosse necessário. Quando é que eu digo necessário? Quando você estiver no risco de perder um ativo importante, que você tenha de fato alguma possibilidade de reorganizar um setor, uma área operacional importante, que gera empregos e tal, e que não está eventualmente funcionando bem do jeito que está hoje.”
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