A Origem Energia enxerga no próximo leilão de reserva de capacidade, previsto para 30 de agosto, uma oportunidade para participação de duas de suas termoelétricas e para o desenvolvimento do projeto de estocagem de gás natural nas suas operações no Polo de Alagoas.
A companhia está olhando “tanto para os nossos dois projetos termoelétricos, que totalizam 280 megawatts, eles são projetos que já incluem tecnologias de acionamento imediato e que, obviamente, vão estar conectados à nossa solução de estocagem”, disse Flávia Barros, diretora Comercial da companhia, em entrevista ao estúdio epbr na gas week 2024. Assista acima a entrevista na íntegra.
Este é o 2º leilão de potência da história e foi desenhado para contratar termoelétricas 100% flexíveis, que sejam capazes de acionamento imediato, a qualquer momento, para atender às variações instantâneas da demanda.
Na avaliação da diretora, a estocagem pode ajudar muito um produto de potência com o despacho imediato, em um cenário de aumento da intermitência com a expansão das renováveis.
“[A estocagem] pode compor um portfólio de suprimento de gás para uma térmica junto com o gás que vem de transporte, eventualmente, com o GNL (…) Você ter um suprimento de gás constante, você vai acumulando e aquilo ali dá a possibilidade de um despacho com uma velocidade diferente daquela que você recebe o gás”, comenta a executiva.
Entretanto, Flávia acredita que é importante que as regras do leilão considerem a complexidade das diferentes formas de suprimento da molécula.
“As regras do leilão vão ter que estar olhando para a flexibilidade do suprimento da molécula. Eventualmente, o despacho imediato vai ter que ter algumas regras para poder harmonizar com a questão do transporte e a própria questão da estocagem”.
Projeto em parceria com a TAG
A Origem possui junto à Transportadora Associada de Gás (TAG) um acordo não-vinculante de desenvolvimento de um projeto de estocagem de gás natural no campo de Pilar, Alagoas, operado pela Origem e conectado à malha de transporte da TAG – o que facilita a distribuição nacional.
Ao todo, as empresas estudam investir US$ 200 milhões no projeto. A capacidade inicial de estocagem prevista é de 106 milhões de m³/ano, mas pode chegar a 500 milhões de m³/ano no longo prazo.
A intenção da empresa é aproveitar os reservatórios depletados e a infraestrutura já existente – como a rede de compressão e as linhas de reinjeção.
Com a estocagem, a companhia também vê possibilidade de oferecer uma estabilidade maior de preços, sendo uma alternativa aos consumidores em relação à precificação do agente dominante, a Petrobras.
Embora a nova Lei do Gás permita a estocagem, a regulamentação pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural ainda está em discussão, faltando ainda a autorização para prestação do serviço de armazenamento.
Segundo a diretora, tanto a parte técnica do projeto como as conversas com potenciais clientes estão bastante avançadas. Contudo, ainda falta consenso sobre a precificação do serviço.
“É um produto inovador que não tem referência de preço. Temos ouvido muito dos clientes que tipo de formato de produto que eles precisam, qual é a utilização da estocagem, e dessa forma a gente pretende dar uma precificação melhor”, explica Flávia.
“Existe uma demanda muito grande de uma diversidade de clientes, produtores, comercializadores, distribuidoras. Tem distribuidora com um portfólio que exige uma complexidade muito grande de gestão e que a estocagem pode fazer sentido, e consumidores mais livres”, conclui.
Cobertura completa da gas week 2024 realizada pela agência epbr