RIO — O novo terminal de gás liquefeito de petróleo (GLP), do consórcio Supergasbras/Ultragaz, no Porto do Pecém (CE), ajudará a reduzir a dependência do mercado da Petrobras, disse nesta terça-feira (23/9) o CEO da Supergasbras, Julio Cardoso.
Em entrevista ao estúdio eixos, durante a Liquid Gas Week 2025, no Rio de Janeiro, o executivo destacou que o projeto “abre as portas para o mercado internacional”, já que terá livre acesso a terceiros.
“Hoje existe uma carência de infraestrutura no setor de GLP … Hoje o processo de importação está todo concentrado na Petrobras. A Petrobrás é que detém a infraestrutura, que é uma infraestrutura não adequada. Então, eu acho que essa é uma oportunidade para o Brasil de ter uma infraestrutura melhor”.
Ao todo, o terminal receberá investimentos de R$ 1,5 bilhão. O projeto está em fase de engenharia detalhada e está previsto para entrar em operação entre 2028 e 2029.
Em agosto, o Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, o ato de concentração entre a Ultragaz e a Supergasbras que prevê a criação de sociedade de propósito específico (SPE) que ficará responsável pela construção, desenvolvimento e exploração de nova infraestrutura greenfield.
R$ 500 milhões em novos botijões
Cardoso comentou também sobre as perspectivas de crescimento da demanda com o programa Gás do Povo.
Ele cita que a companhia prevê investir entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões para se ajustar ao programa.
“A gente deve estar investindo na ordem de 2 milhões de botijões adicionais”
O governo federal lançou este mês o Gás do Povo — programa substituto do atual vale-gás — e promete garantir botijões de 13 quilos gratuitos a famílias de baixa renda em todo o país. (entenda como vai funcionar o programa)
O benefício vai contemplar 15,5 milhões de famílias, alcançando aproximadamente 50 milhões de brasileiros. A cobertura é quase três vezes superior à do atual vale-gás (o Auxílio Gás).
O botijão será fornecido diretamente em revendas credenciadas, sem pagamento no momento da retirada.
Outros destaques da entrevista
- Refomas do setor de GLP, como enchimento fracionado e fim da exclusividade das marcas, são um retrocesso para o setor
- Regulação brasileira atual é uma referência para outros países
- Aumento da demanda por novos botijões será suprido por ampliação da produção própria, por fornecedores nacionais e importações
- Supergasbras mira oportunidades no negócio de bioGLP