RIO – A política para investimentos em sustentabilidade incluída no programa de concessões de rodovias do governo federal vai ajudar a destravar recursos para investimentos no uso do gás natural no transporte, segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB).
Em entrevista ao estúdio eixos nesta terça-feira (24/9), o ministro defendeu a necessidade de ampliar o uso do gás sobretudo em caminhões. (Assista na íntegra acima)
“Eu acredito muito no gás. O gás é a solução mais próxima do modelo atual de queima de combustível fóssil com maior nível de emissão, especialmente o óleo diesel. Acho que o gás tem mais facilidade para substituir os caminhões existentes do que os caminhões elétricos para um país de dimensões continentais como o Brasil”, disse.
Ao todo, o governo Lula pretende fazer 35 leilões de rodovias até 2026. As novas regras para essas concessões, previstas a partir da chamada “5ª etapa”, preveem que 1% da tarifa deve ser destinada para o desenvolvimento de novas tecnologias e medidas de sustentabilidade.
Uma das expectativas está relacionada à criação dos “corredores azuis”, que terão rotas de gás natural veicular (GNV), gás natural liquefeito (GNL) e carregamento elétrico. Os investimentos em tecnologia para reduzir a pegada de carbono das concessões poderão contemplar também aportes em eletrovias.
“Ninguém vai comprar um caminhão sem ter um posto para abastecer no meio da sua rota. Então é exatamente isso que nós estamos fazendo”, afirmou.
Segundo o ministro, o Brasil vai chegar à marca de cinco mil caminhões a gás “em breve”.
Ele ressaltou que, com o aumento da frota, também vai ser necessário ampliar a rede de distribuição do gás. Nesse contexto, inclusive, Filho lembrou que o biogás pode chegar a regiões que ainda não são conectadas à malha de dutos.
“Não temos grandes gasodutos para o Brasil central. Então a produção de biogás descentralizada pode funcionar mais ou menos como funciona a geração de energia solar e eólica, mais próxima do consumo”, disse.
Na visão do ministro, o aumento da frota dos caminhões a gás pode ajudar a reduzir os preços em relação aos veículos abastecidos com outros combustíveis. Ele lembrou ainda que existem empresas que estimulam os caminhoneiros que usam veículos menos emissores.
O ministro reconheceu que o governo não consegue dar mais subsídios para a substituição das frotas, mas apontou que existem linhas de financiamento para isso.
“Recurso para empréstimo e para redução de custo, eu acho que até há disponível”, disse.
O ministro lembrou que o setor de transportes é um dos principais emissores de carbono no mundo. Assim, ressaltou que o Brasil também pode reduzir as emissões com o aumento do transporte rodoviário de cargas e a retirada de caminhões das rodovias.
Na ROG.e, o ministro participou do anúncio de um acordo entre a Yara Brasil e a VirtuGNL para a utilização de caminhões movidos a GNL na logística de distribuição de fertilizantes.
Filho defendeu ainda uma redução da participação da Petrobras no mercado de gás, de modo a ampliar a oferta da molécula e fomentar novos projetos. Segundo ele, a estatal vê o gás natural como um “subproduto”.
“O país precisa atrair novos investimentos privados, para dividir essa a responsabilidade”, disse a jornalistas após o evento.