RIO – Na avaliação da presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum, a implementação do mercado de carbono regulado no Brasil, em discussão no Congresso Nacional, é essencial para destravar os investimentos necessários para a transição energética.
Segundo ela é fundamental a criação de regras, penalidades e precificação dos esforços em torno da redução das emissões.
“O voluntário não será capaz de trazer o mecanismo de incentivo adequado para que a economia se mova naquela direção (…) Se você não tem mecanismos de incentivo para descarbonização, ela não vai ocorrer na velocidade que o planeta precisa”, disse a executiva, em live promovida pela agência epbr (veja a íntegra acima).
Além do mercado de carbono, a presidente da Abeeólica também destacou outros projetos de lei importantes para atração de investimentos verdes no país, tais como os PLs do hidrogênio e das eólicas offshore.
“Precisamos de uma boa base regulatória. O Brasil tem que ser o país amigo do investidor, que dá o sinal correto para que os investimentos venham para cá”.
Elbia defende que estas pautas sejam encaradas com celeridade, para trazer segurança jurídica e fazer com o Brasil aproveite a janela de oportunidades.
“Não podemos perder o bonde outra vez. O lado regulatório é o ponto central para o Brasil. Não temos recursos como os Estados Unidos, que fizeram uma política com subsídios, o que temos são os belos recursos naturais, e temos uma tradição de regular bem”.
Governo deve atuar como facilitador
Para a CEO da Engie Soluções em Operação e Manutenção, Clarice Romariz, o papel do governo é essencial para impulsionar a iniciativa privada nas suas decisões, especialmente em um momento de transformação rumo a uma economia de baixo carbono.
“Precisamos da formulação de políticas claras, estabelecimento de metas e compromissos reais, que sejam realmente atingíveis com ações, e investimentos em infraestrutura pelo setor público”, elenca.
“O governo exerce um papel importante no nivelamento entre as diversas indústrias e interesses, como um facilitador”, completa a executiva da Engie.
A diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV), Fernanda Delgado, também destacou a necessidade de rapidez na definição de regras claras, em especial para o mercado de hidrogênio no país.
Na avaliação da diretora, o hidrogênio verde cumpre um papel importante no processo de reindustrialização brasileira, e de descarbonização de setores importantes, como siderurgia, fertilizantes e óleo e gás.
“Temos que trazer o Brasil para essa nova ordem mundial verde (…) O hidrogênio tem essa capacidade de trazer o conteúdo de carbono dos processos produtivos para baixo. É um vetor energético que temos na mão hoje ”, disse.
Para isso, Delgado avalia a necessidade de incentivos a essa nova indústria, a partir da realocação de subsídios que hoje são direcionados aos combustíveis fósseis.
“Precisa de um empurrãozinho para essa indústria nascente. Uma condição estruturante de incentivos para essa indústria”, defende.
A diretora da ABIHV aproveitou para, em suas palavras, desmistificar a ideia de que exportar de hidrogênio verde seria o mesmo que exportar uma commodity.
“O hidrogênio verde é um produto altamente sofisticado. Quando se fala em uma planta de hidrogênio verde, há uma indústria extremamente complexa com alto custo de fabricação, uma tecnologia muito sofisticada”, disse.
- Energia
- Energia Eólica
- Energias Renováveis
- Hidrogênio
- Transição energética
- Vídeos
- Associação Brasileira da Indústria de Hidrogênio Verde (ABIHV)
- Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica)
- Clarice Romariz
- Elbia Gannoum
- Energia eólica offshore
- Engie
- Fernanda Delgado
- Hidrogênio verde (H2V)
- Mercado de Carbono