Mercado de gás

Malha de transporte de gás do Nordeste precisa ser ampliada, diz Luiz Gavazza

Presidente da Bahiagás defende projeto de gasodutos para interiorizar gás natural na região

Malha de gasodutos para transporte de gás natural do Nordeste precisa ser ampliada para aproveitar o aumento da oferta da Bacia de Sergipe-Alagoas, diz Luiz Gavazza, presidente da Bahiagás, durante entrevista ao estúdio epbr no Evex Brasil 2024, em Natal, em 4/7/2024 (Foto: epbr)
Luiz Gavazza, presidente da Bahiagás, durante entrevista ao estúdio epbr no Evex Brasil 2024, em Natal (Foto: epbr)

NATAL – A malha de transporte de gás natural do Nordeste precisa ser ampliada para aproveitar o aumento da oferta de gás da Bacia de Sergipe-Alagoas nos próximos anos, defendeu Luiz Gavazza, presidente da Bahiagás, em entrevista ao estúdio epbr durante a EVEx 2024, em Natal (RN). Veja a íntegra acima.

O projeto Sergipe Águas Profundas (Seap), da Petrobras, prevê o envio de 18 milhões de m³/d de gás natural para a costa brasileira. O início da produção está previsto para 2028, mas a estatal enfrenta problemas para contratar as plataformas.

“Nós precisamos também da ampliação da malha de transporte. Aí entra a cobrança sob a TAG [Transportadora Associada de Gás]. A malha de transporte do Nordeste precisa ser ampliada”, disse Gavazza.

O executivo destacou que o último gasoduto de transporte construído na região foi o Gasene, inaugurado em 2010 pela Petrobras.

“Nos últimos 10 anos, nós tivemos a duplicação da malha de distribuição. Isso mostra a vitalidade e o compromisso com investimentos das distribuidoras. Mas em um período maior ainda, que é 2010, quando foi inaugurado o Gasene para cá, praticamente não tivemos investimentos na ampliação da malha de transporte”, disse Gavazza.

A TAG tem um acordo com a Petrobras para a conexão do projeto de produção de Seap à malha de gás natural. A demanda da Bahiagás e de outras distribuidoras é pela interiorização da malha, com a construção de um gasoduto de transporte ligando o Sergipe ao Ceará.

O pleito, que foi antecipado há um mês aos assinantes do político epbr, serviço premium exclusivo para empresas (teste grátis por 7 dias), foi apresentado à TAG no Encontro das Distribuidoras de Gás Natural do Nordeste e do Comitê de Petróleo e Gás do Consórcio Nordeste.

A presidente da Potigás, Marina Melo, que coordena o Comitê, afirmou em entrevista ao estúdio epbr  que o gasoduto atual já está no limite quando chega ao Ceará, e que faz sentido a construção de um novo gasoduto.

“A gente vem estudando, vem apontando para o crescimento do mercado do Nordeste e as perspectivas de interiorização do gás natural, a gente viu que o gasoduto Nordestão, que é o gasoduto operado pela TAG, ele já vem muito sufocado, principalmente ali quando já vai chegando no Ceará, ele já está com um limite muito esgotado, então outras alternativas, que não seja chegada de GNL, a gente pensa que aproveitar a oportunidade”, afirma.

O grupo se comprometeu a apresentar, até o fim do ano, um estudo detalhado com o traçado de um projeto que ligue a futura produção offshore de Sergipe ao Ceará, pelo interior.

“Por que não a gente não interiorizar esse gás natural através de um gasoduto de transporte? Então a gente estuda em conjunto, as concessionárias têm estudado um traçado que a gente pretende apresentar para investimentos, seja da TAG, se ela tiver interesse ou uma autorização de quem tem interesse em fazer essa construção.”

Veja abaixo a entrevista de Marina Melo à epbr durante a EVEx 2024:

Preço do gás da Petrobras

Assim como outras distribuidoras, a Bahiagás fez recentemente um aditivo ao contrato de fornecimento de gás natural com a Petrobras, prevendo a redução dos preços. Segundo Gavazza, no entanto, a diminuição não foi significativa.

A petroleira, no entanto, têm um peso menor no portfólio da Bahiagas do que em outras distribuidoras. Isso porque a companhia baiana tem o maior número de fornecedores entre as empresas de gás canalizado. Hoje, 66% do gás comprado pela distribuidora vem de campos maduros e marginais da região.

Gavazza disse estar “esperançoso” com a postura da nova direção da Petrobras em relação aos preços do gás, especialmente para servir de insumo na fabricação de fertilizantes.

O executivo defendeu, porém, o descolamento dos preços internacionais.

“O que é que eu estou falando? É que o custo de ampliar a produção, ampliar o tratamento, ampliar a infraestrutura de escoamento, óbvio que eles têm que ser remunerados. O custo de operação de quem produz e trata e coloca à disposição do mercado, das transportadoras, também precisa ser remunerado. E os eventuais custos de importação à Petrobras com os seus compromissos (…) Então é justo que tudo isso componha uma tarifa média da Petrobras, mas não hoje um alinhamento a indicadores que terminam ficando artificiais para o mercado de gás, que é você comparar com uma cesta de olhos do mercado internacional, o Brent ou qualquer dos outros indicadores, ele não expressa uma relação gás-gás, não é como nós almejamos.”

Confira a cobertura exclusiva do estúdio epbr na EVEx Brasil 2024