Energia

Aumento dos impostos pode deixar muito petróleo sem ser explorado, diz Prio

Diretor de Operações afirma que indústria precisará se adaptar ao aumento da carga tributária e menos opções de financiamento

Francilmar Fernandes, diretor de Operações da Prio, fala durante o Vitória PetroShow 2024 (Foto: Divulgação Vitória Petro Show)
Diretor de Operações da Prio, Francilmar Fernandes, diz que setor precisa se adaptar a uma nova realidade (Foto: Divulgação Vitória Petro Show)

VITÓRIA – A indústria do petróleo, em especial os produtores independentes, vai precisar se adaptar a uma nova realidade de aumento da carga tributária e menos opções de financiamento, sob o risco de não conseguir viabilizar novos projetos e deixar “muita acumulação sem ser explorada comercialmente”, afirmou o diretor de Operações da Prio, Francilmar Fernandes, à agência epbr, durante o Vitória PetroShow. Assista na íntegra acima.

Em março, o decreto que regulamenta as emissões de debêntures incentivadas excluiu a produção de petróleo do recorte de setores priorizados. Mais um revés da indústria petrolífera, que, em 2023, na reforma tributária, já havia sido incluída na lista de incidência do Imposto Seletivo (IS), sujeita a uma nova alíquota de até 1%.

O executivo da Prio afirmou que as mudanças recentes não afetam os projetos em execução pela empresa, mas que são um desafio adicional para novos empreendimentos.

“A indústria de petróleo, principalmente para as companhias independentes, é um jogo de viabilizar acumulações que são menores, que não são viáveis economicamente de forma mais fácil.”

“Obviamente, quando se coloca uma carga tributária maior, é uma questão de impor uma régua de viabilidade econômica mais complicada e que potencialmente vai deixar muita acumulação sem ser explorada comercialmente”, disse nesta quarta (3/4).

Prio pode entrar em exploração

A Prio é, hoje, uma empresa focada em recuperação de campos maduros e desenvolvimentos de reservas já descobertas, mas, segundo Fernandes, pode eventualmente entrar no segmento de exploração, quando diminuírem as oportunidades de aumento da produção dentro do atual portfólio da companhia.

Ele descartou, no entanto, entrar em novas fronteiras.

“A companhia tem que continuar crescendo. Não vamos pegar uma bacia distante, uma nova fronteira, não faz sentido para a nossa estratégia, para nossa filosofia de trabalho. Mas algo no entorno [dos ativos atuais] pode fazer sentido”, disse.

A Prio, afirma o executivo, avalia tanto as opções de crescimento inorgânico (via aquisição) quanto orgânico, por meio da expansão do portfólio de exploração. No momento, contudo, a petroleira não tem nenhuma negociação firme para compra de ativos.

“A Prio trabalha para crescer de forma sustentável, seguindo a estratégia em que gera valor. Ela nunca vai querer crescer por crescer ou fazer o negócio que os outros estão fazendo. Isso não é a nossa cabeça”, afirmou, ao ser questionado sobre o recente movimento de consolidação de empresas independentes em curso no Brasil.

Wahoo ainda sem previsão

Um dos principais projetos hoje em execução pela Prio é a conexão da descoberta de Wahoo, na costa capixaba da Bacia de Campos, ao FPSO que produz no campo de Frade, a 32 km de distância, por meio de um tieback.

Inicialmente, o projeto deveria ter entrado em operação no início de 2024, mas ainda aguarda uma licença para a perfuração de um poço por parte do Ibama – cujos funcionários entraram em greve no início do ano.

A companhia não tem, hoje, uma previsão de quando vai conseguir iniciar a produção de Wahoo.

Fernandes garantiu que o projeto segue em execução e que não há receios a respeito da liberação pelo órgão ambiental, dado que a área recebeu diversas perfurações no passado.

“É uma região bem conhecida em termos ambientais, temos todas as informações técnicas. Nunca teve nenhum esclarecimento sem resposta ou com dificuldade. Não tem nenhuma questão técnica na mesa. A questão é o processo, o rito realmente, dentro do órgão”, afirmou.

O diretor garante que a empresa vai buscar estratégias para compensar o atraso: “Deveríamos estar perfurando. Estamos com tudo pronto. Mas somos bons em dar um jeito, em recuperar tempo perdido”.

Com estimativa de produção de 40 mil barris/dia, Wahoo foi descoberto no bloco BM-C-30 em 2008. A Prio comprou a área da BP em 2021, juntamente com o bloco vizinho BM-C-32, onde está a descoberta de Itaipu.

Não há viabilidade econômica para a instalação de uma unidade de produção dedicada a Wahoo, por isso a opção pela conexão ao FPSO de Frade, que também é operado pela Prio.

Cobertura completa do estúdio epbr na Vitória PetroShow 2024