CERAWeek 2025

Magda Chambriard reforça que Petrobras vai ampliar a produção de biodiesel

Presidente da companhia também afirmou que pretende ampliar conteúdo coprocessado do diesel do combustível de aviação

BRASÍLIA – A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, reforçou que a companhia vai elevar a produção de biodiesel. Ela também disse que investimentos em biodiesel, etanol e outras iniciativas de baixo carbono não competem com o foco em óleo e gás.

A empresa tem uma subsidiária voltada para o setor de biocombustíveis. Com unidades em Candeias (BA) e Montes Claros (MG), a Petrobras Biocombustível (PBIO) tem uma capacidade de produção em torno de 500 milhões de litros de biodiesel por ano.

“Estamos insistindo com o diesel coprocessado, 5% a 10% de óleo vegetal no diesel. Estamos lançando o combustível de aviação coprocessado com 1% a 2% de óleo vegetal também, além de todas as iniciativas de transição energética”, afirmou em entrevista ao estúdio eixos na CERAWeek 2025, organizada pela S&P Global, em Houston (EUA).

Chambriard também comentou sobre o combustível marítimo (bunker) com 24% de biodiesel, que recentemente teve a comercialização aprovada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e já está sendo ofertado ao mercado.

“Tem nos orgulhado muito e tem sido bem aceito pelo mercado o bunker com 24% de biodiesel. Isso foi um novo produto colocado no mercado por nós para venda na Ásia Pacífica”, disse.

A CEO também comentou sobre os planos de voltar ao mercado de etanol. A intenção já havia sido anunciada pelo diretor executivo de Transição Energética, Maurício Tolmasquim, em coletiva de imprensa para a apresentação do plano de negócios. À época, o diretor disse que a ideia era “já começar grande” no setor.

Pedido de suspensão da mistura do biodiesel

O interesse em ampliar a participação no mercado de biodiesel vem em um momento delicado para o setor. Recentemente, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) adiou, por prazo indeterminado, o aumento da mistura de 14% para 15%.

Nesta quarta (12/3), o Sindicato Nacional das Empresas de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) pediu à ANP a suspensão, por 90 dias, da mistura do biocombustível ao diesel. Caso o órgão regulador acate a solicitação, a medida permitira a venda de diesel sem nenhuma mistura com biodiesel.

O pedido do Sindicom gerou reação imediata do agronegócio. Os presidentes das Frentes Parlamentares do Biodiesel, Alceu Moreira (MDB/RS), e da Agropecuária, Pedro Lupion (PP/PR), emitiram nota conjunta condenando a tentativa de eliminar a mistura.

Biocombustíveis não concorrem com foco em óleo e gás

Chambriard afirmou que conta com a liberação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a exploração na bacia da Foz do Amazonas. Decisão que, se for favorável à Petrobras, representará a abertura da bacia para futuras campanhas.

“Tanto para o país quanto para a Petrobras, essa reposição é absolutamente mandatória. Para a Petrobras, porque é uma receita importante e a nossa maior atratividade em termos de retorno de projeto. Mas para o país também, porque em 2024, por exemplo, o petróleo se tornou o primeiro produto de exportação brasileiro”, argumentou.

Nesta semana, o Ibama liberou uma limpeza da sonda contratada para a perfuração no FZA-M-59. É uma etapa protocolar, que ocorreu entre 2022 e 2023, quando a Petrobras se viu obrigada a desmobilizar a operação. À época, as despesas superaram R$ 1 bilhão.

A presidente da estatal afirma que o plano de emergência apresentado ao Ibama é o maior de que tem conhecimento para combater eventual derrame de óleo. Ela mencionou acordo com a Agência Espacial Americana (Nasa) para monitoramento e a disponibilidade de equipamentos para conter o fluxo, em caso de acidente no poço.

“Temos à disposição da Petrobras, para lá e para qualquer outro espaço, um capping, que é aquele equipamento que vocês vão lembrar que foi usado para conter o derrame no Golfo do México em 2010”, disse ao lembrar o caso da Deepwater Horizon, perfuração a serviço da bp que provocou a maior tragédia ambiental na província norte-americana. 

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