Energia

Hidrogênio, amônia e metanol verde são rotas para uso da energia eólica offshore

Hidrogênio para a indústria e exportação de carregadores verdes são alternativas comerciais para as eólicas offshore, afirma diretor da Equinor

BRASÍLIA – “A rota não pode se fixar integralmente ao mercado regulado. Temos que desenvolver outras linhas de venda dessa energia”, afirma diretor da Equinor.

A produção de hidrogênio para consumo industrial e a exportação de carregadores verdes, como amônia e metanol verde, são alternativas para a comercialização da energia eólica offshore, disse o diretor da Equinor, André Leite, no encerramento da offshore week 2023 nesta sexta (30/6). 

O executivo explicou que a geração de energia no offshore possibilitará o desenvolvimento de novos mercados eletrointensivos e atrair indústrias para consumir essa nova alternativa de fonte renovável.

“A rota não pode se fixar integralmente ao mercado regulado [de energia]. Temos que desenvolver outras linhas de venda dessa energia”, explicou. André Leite está à frente do desenvolvimento desses projetos Equinor, nos mercados da América Latina.

“A eletrificação offshore das operações de óleo e gás é uma vertente possível. Uma outra que se desenha como futuro das eólicas offshore é a produção de hidrogênio para consumo industrial e para geração de energia, inclusive para exportação, na forma de amônia e metanol verde”, ponderou Leite.

O diretor afirmou que a companhia terá “50% dos investimentos do capex colocados em energias renováveis e soluções de baixo carbono” até 2030.

Os participantes debateram como os conhecimentos adquiridos pela experiência na produção de petróleo e gás podem alavancar a geração de energia eólica offshore no Brasil.

“A indústria [de eólicas offshore] demanda aperfeiçoamento tecnológico associado a logística, engenharia, recursos de projetos de larga escala, mobilização de capital e mão de obra. Tudo isso faz parte da nossa indústria de óleo e gás”, declarou o superintendente de Tecnologia e Meio Ambiente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Raphael Moura.

Atualmente, mais de 70 projetos de parques eólicos offshore, com cerca de 180 GW em capacidade instalada, estão em processo de licenciamento ambiental pelo Ibama. E os estados produtores de óleo atraem maior parte dos projetos em energia eólica offshore anunciados no país.

Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, os custos da geração offshore são maiores do que a onshore, portanto as empresas devem trabalhar para reduzir essas despesas.

“Há um desafio que é a questão de custo. Os custos da produção offshore são maiores que a onshore. Nós devemos enfrentar isso de maneira madura”, mencionou.

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Marco das eólicas offshore

A perspectiva de um leilão específico para energia eólica offshore em 2024 está no radar do mercado. No entanto, empresas que estão mirando as oportunidades com a geração offshore, encontram barreiras com a falta de regulamentação desse mercado.

Em 2022, o Senado aprovou o PL 576/2021, de autoria de Jean Paul Prates, ex-senador e presidente da Petrobras. Agora, a matéria aguarda deliberação na Câmara dos Deputados.

O presidente do IBP relatou que as empresas estão aguardando a aprovação do texto para seguirem com seus projetos de eólicas offshore.

“As questões regulatórias são necessárias para que os investidores possam decidir sobre seus projetos em licenciamento”, afirmou.

Sobre a proposta de regulação, o superintendente da ANP acredita que não será difícil fiscalizar a produção de eólicas offshore, pois há “sinergia com o setor de óleo e gás”. “Vai no mesmo caminho e é o mesmo ambiente”, comentou Moura.