A presença de poucos players no mercado de gás liquefeito de petróleo (GLP) não significa falta de concorrência, disse nesta quarta-feira (24/9), o diretor de Relações Institucionais e Jurídico da Supergasbras, Ricardo Tonietto, em entrevista ao estúdio eixos, durante a Liquid Gas Week 2025, no Rio de Janeiro.
A entrada de novos agentes no mercado é um dos argumentos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para defender as propostas da reforma regulatória do segmento.
“No mercado brasileiro atuam hoje 19 distribuidoras, mas nós temos sim, e isso não é omitido, um mercado oligopolizado. Nós temos quatro distribuidoras que têm cerca de 80% do mercado”, afirmou Tonietto.
“Aliás, essa situação é natural no mundo. Não só no mercado de GLP, mas em outros mercados. Você não vê, por exemplo, em aviação, 50 companhias de aviação. Por quê? Porque demandam um investimento pesado ali e uma regulação que ajuste para que as pessoas que se dispuserem a operar naquele mercado o façam de forma segura”, completou.
Apesar do oligopólio, o diretor reforçou que há uma “enorme competição” entre as distribuidoras para ganhar mercado e oferecer o melhor serviço.
Segundo o executivo, a entrada de mais players no setor não é sinônimo de aperfeiçoamento. Na visão dele, a ANP “esquece” que a grande competição do mercado ocorre na ponta, entre os mais de 50 mil revendedores.
Apesar da crítica à agência, Tonietto disse que a Supergasbras é “totalmente favorável” à eliminação das restrições de uso da molécula, um dos seis temas da reforma.
Ele considera que a proibição de alguns usos, como em geradores de energia, se deve a uma percepção equivocada de que GLP é exclusivo para cocção.
“Nós somos abundantes no mundo, nós somos facilmente transportáveis e com excelente poder calorífico. Então, é uma energia que, comparada com outras, pode trazer uma solução integrada para vários negócios”, afirmou.
“O GLP seria uma alternativa para sistemas isolados onde não chega a rede de transmissão elétrica e também para locais onde não chega uma rede de infraestrutura de distribuição de gás natural, por exemplo”, completou.
Confira outros temas da entrevista
- Avaliação dos próximos passos do Gás do Povo;
- Mudanças regulatórias do mercado de GLP;
- Problemas da proposta de enchimento fracionado do botijão no Brasil;
- Competitividade no mercado de GLP;
- Demanda do Gás do Povo;
- Ações para coibir ilegalidades no mercado de gás;
- Usos alternativos do GLP.