Energia

Grandes fusões mostram confiança das petroleiras em preço alto e demanda futura, diz Décio Oddone

Operações da Exxon com Pioneer e Chevron com Hess também sinalizam expectativa de um novo patamar de preço do barril, diz CEO da Enauta

Grandes fusões mostram confiança das petroleiras em preço alto e demanda futura, diz Décio Oddone, presidente da Enauta, em entrevista para o estúdio epbr durante a OTC Brasil 2023, no Rio de Janeiro (Foto: Victor Curi/epbr)
Décio Oddone, presidente da Enauta, em entrevista ao estúdio epbr durante a OTC Brasil 2023 (Foto: Victor Curi/epbr)

RIO – A consolidação do mercado de petróleo nos Estados Unidos indica uma confiança das empresas na demanda futura e um conforto com os níveis de preço do barril, afirmou Décio Oddone, CEO da Enauta, em entrevista ao estúdio epbr durante a OTC Brasil 2023 (veja a íntegra acima).

“Tem menos gente acreditando que o petróleo vai ficar barato, mais gente acreditando que o petróleo vai ficar num preço acima de US$ 70”, disse o executivo.

“Essas transações recentes que a gente tem visto aí, de Exxon, Chevron, essa consolidação do shale, feita nesse nível e nesse nível de preços, para mim, indicam duas coisas, essas transações. Primeiro, confiança de que demanda continuará existindo por um bom tempo. E, segundo, um conforto com o nível de preço. Porque se houvesse desconforto com o preço futuro de petróleo, teria mais dificuldade de aprovar esse tipo de transação. E companhia grande dificilmente faz transação em níveis de preço elevados.

Queda das reservas brasileiras

Décio Oddone afirma que o Brasil precisa descobrir novas reservas se não quiser deixar de exportar petróleo e, eventualmente, se tornar um importador na próxima década.

“Hoje as reservas brasileiras devem estar suficientes para produzir durante 10, 12 anos, não tenho assim o número de cabeça, mas não é muito diferente disso. O que significa que, se a gente continuar produzindo no ritmo atual, a tendência é o esgotamento das reservas num horizonte perto de uma década”, disse.

“Então, se a gente não encontrar nada, além do que a gente já tem – claro que a gente vai encontrar, claro que a gente vai aumentar o fator de recuperação nas reservas já existentes – mas se a gente não encontrar nada novo, a tendência é que a nossa produção decline e a gente deixe de exportar no primeiro momento e, quem sabe, até passe a importar petróleo também.”

Royalties do pré-sal

Segundo o executivo, com o declínio futuro da produção do pré-sal será necessário rediscutir a taxação do petróleo produzido no polígono para que se mantenham atrativos para as empresas. Caso contrário, há o risco de os projetos serem encerrados prematuramente, sem que todo o petróleo seja extraído.

“Vai chegar um momento em que os 15% de royalties na cabeça do faturamento vão levar a um abandono prematuro de jazidas que ainda têm condições de serem produzidas. Então, nós vamos ter que em algum momento discutir a redução de royalties dos campos do pré-sal.”

Campo de Atlanta

A prioridade da Enauta nos próximos anos, afirma o Oddone, é concluir o desenvolvimento do Campo de Atlanta, na Bacia de Santos. A empresa tem um piloto no local desde 2018 e programa a instalação de um sistema definitivo, com início da produção em agosto de 2024. A expectativa é produzir até 50 mil barris por dia.

“A gente está com os postos já perfurados, equipamentos comprados, o navio está chegando aqui no início do ano que vem (…) A gente conseguindo isso, muda o patamar de geração de caixa da companhia, a gente pode pensar em outras coisas.”

Confira a cobertura da epbr na OTC Brasil 2023