Agendas da COP

Diretor do MME defende neutralidade tecnológica para SAF: 'nosso inimigo é o carbono'

Renato Dutra defende que governo acertou ao optar pelo mandato por redução de emissões para o setor aéreo

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Logo Vibra – O futuro da energia em seminário online

RIO – O diretor do Departamento de Combustíveis do Ministério de Minas e Energia, Renato Dutra, defendeu que o projeto de lei do Combustível do Futuro, encaminhado pelo governo ao Congresso, acertou ao optar pelo mandato por redução de emissões para o setor aéreo.

Segundo ele, a neutralidade tecnológica permitirá que se desenvolvam diferentes rotas tecnológicas para os combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), de acordo com a demanda do mercado.

“Se olharmos que o nosso inimigo é o carbono, nós temos que ter diversas estratégias possíveis para combater esse inimigo”, disse Dutra, ao participar do painel “Os Combustíveis do Futuro”, no seminário O Futuro da Energia Vem de Vibra, apresentado pela agência epbr (veja a íntegra acima).

Para a diretora de Estudos para Petróleo e Gás da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Heloísa Borges, o Brasil pode se posicionar, assim, como um importante fornecedor global de SAF.

“Então cada empresa vai poder escolher, dentre suas obrigações de redução de emissão de CO2, quais são as soluções mais eficientes que cabem no seu bolso e no bolso dos seus consumidores. O programa propõe que sejam admitidos meios alternativos para cumprimento da meta e acreditamos que, dessa forma, conseguimos dar incentivos para o Brasil se posicionar como um player global no mercado de aviação”, comentou.

O vice-presidente de Operações e Logística da Vibra Energia, Marcelo Bragança, destacou, por sua vez, que o Brasil tem a vocação para o desenvolvimento de SAF pela rota do etanol.

“Obviamente tem uma questão de tecnologia, de custos, que vai avançar ao longo do tempo, mas já estamos nos preparando nesse sentido, para estarmos presentes não só no mercado de etanol, atuando no Ciclo Otto, de veículos leves por todo o país, mas também usando esse etanol para, de alguma forma, acessar o mercado aéreo através do SAF”, afirmou.

COP28 mostra que o mundo precisa fazer mais

A descarbonização do setor de transporte, destacou Heloísa Borges, será peça-chave dentro das discussões globais sobre mudanças climáticas.

Ela cita que, na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o relatório sobre os balanço das emissões (Global Stocktake) deixou claro que o Brasil – e o mundo como um todo – ainda precisa fazer mais.

“O Global Stocktake, que é um dos documentos mais importantes que está sendo debatido aqui [na COP28], mostra que a gente ainda precisa avançar mais rápido. Lembrando que a COP30 no Brasil, é quando os países vão ter que fazer um balanço global de todas as suas emissões e propor novas contribuições… Esse processo é muito importante para que consigamos chegar lá na COP do Brasil sendo capazes de gerar consensos. E um dos pontos importantes, não só para o Brasil quanto para o mundo, é justamente a descarbonização do setor de transporte”, comentou.

Transição energética exigirá adaptação de postos de combustíveis

Bragança citou que a Vibra vem oferecendo aos revendedores de sua rede apoio consultivo para que os postos lidem com as transformações no comportamento de consumo do mercado.

Cada região, segundo ele, exige uma estratégia diferente, de acordo com a vocação de cada uma. O executivo cita que em determinados mercados já há uma demanda por postos com recarga elétrica, mas que, em outros, o etanol é o principal produto.

“Temos trabalhado bastante capacitando os nossos revendedores, dando apoio, dando suporte, tentando orientá-los e ajudá-los a ir transformando também o seu negócio de varejo. No fundo, ali é um varejo e falo que hoje eles têm que pensar em todas as energias para o veículo, seja líquido, seja via eletricidade, para as pessoas, botando uma conveniência, preparando o negócio para que ele, de fato, seja relevante no dia a dia das pessoas”, disse.