Todos os custos dos projetos, incluindo o transporte de gás, devem ser considerados na elaboração do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), sob o risco de comprometer a segurança jurídica do certame, defende o diretor de comercialização e novos negócios da Eneva, Marcelo Lopes.
O executivo concedeu entrevista ao estúdio eixos durante o Sergipe Oil & Gas.
A remuneração do transporte de gás ainda é um dos pontos a serem destravados pelo governo para o relançamento do certame. O diretor da Eneva criticou a proposta do pass-through, no qual a tarifa é desconsiderada.
“A gente considera que todos os custos têm que ser considerados e que a solução que seja a mais competitiva para o consumidor seja escolhida. Você não considerar certos custos na hora da competição pode tirar um pouco da segurança jurídica do próprio certame”, disse.
O Ministério de Minas e Energia (MME) cancelou o leilão após uma sequência de liminares que questionou as diretrizes para a concorrência e voltou à elaboração das regras.
Uma das liminares partiu de um pedido da Eneva, que identificou problemas no fator A, critério de flexibilidade que seria usado pela primeira vez no leilão. A Justiça entendeu que o MME deveria ter realizado uma consulta pública com o setor antes de adotar a regra.
Segundo Lopes, o critério “desequilibrou” a competição.
“Acho [importante] uma discussão mais adequada do fator A, de que tecnologias mais e menos maduras se devem participar de um mesmo produto ou não, falando de forma mais clara”, disse.
A Eneva vê a necessidade de uma separação entre termelétricas operadas a partir de diferentes combustíveis para valorizar os atributos de cada fonte.
“A gente defende que o gás seja considerado um produto distinto do biocombustível”, afirmou.
Projeto aguardam decisão do governo
A Eneva pretende participar do LRCAP com o projeto de expansão da Centrais Elétricas de Sergipe (Celse), que vai demandar 6 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.
A companhia espera as definições por parte do MME para seguir com os investimentos.
“Vai depender, obviamente, da demanda que vier com o leilão. O projeto é modular, pode chegar a mais de 1,3 gigawatts de capacidade instalada. E a gente fala aí de investimento de alguns bilhões de reais. O número vai depender muito do que for a demanda e a configuração que fizer sentido”, afirmou.
Atualmente, o projeto tem uma usina em operação, a Porto de Sergipe I com 1,593 GW de capacidade, com duas turbinas em ciclo combinado, interligadas ao terminal de GNL.
O projeto prevê mais três turbinas em ciclo aberto, com cerca de 400 megawatts de capacidade cada.
Os ativos foram comprados pela Eneva da New Fortress Energy.