Curtailment

Cortes de geração trazem prejuízos de até 30%, afirma CEO da Spic Brasil

Adriana Waltrick defende regras para tratar o curtailment; Spic Brasil segue investindo em eólicas e solares

Os cortes de geração (curtailment) estão comprometendo o faturamento das geradoras em até 30% no Nordeste, afirmou a CEO da Spic Brasil, Adriana Waltrick, em entrevista ao estúdio eixos, na quinta-feira (3/7), durante a EVEx Brasil 2025 – Natal Energy Experience.

O curtailment de usinas eólicas e solares, especialmente no Nordeste, tem sido causado por excesso de energia, mas também por falta de linhas de transmissão capazes de escoar a geração para os centros de carga.

Os geradores entendem que estabelecer normas mais claras para indenizar a frustração de receitas é uma necessidade urgente.

“Precisamos de novas regras assertivas que consigam endereçar esse problema dos geradores, que hoje em dia na região estão frustrando suas receitas em mais de 30% em um cenário de capital intensivo de projetos, de juros elevadíssimos”, defende.

“O Brasil tem o segundo juro mais alto do mundo, então isso traz uma complexidade e uma insegurança para os negócios que precisamos resolver rapidamente”, observa Waltrick.

Waltrick considera fundamental estabelecer soluções tanto para que o adequado ressarcimento seja feito, mas também para que a matriz energética siga se expandindo a participação de renováveis no país.

“Precisamos resolver o presente para poder planejar o futuro. No presente, o curtailment é, de fato, um fator de risco inaceitável para um setor que é capital intensivo”.

Investimentos renováveis

A Spic Brasil controla empreendimentos de geração solar, eólica e de gás natural, mas também a usina hidrelétrica de São Simão, em Goiás e Minas Gerais.

A modernização do empreendimento já está em curso, com um investimento de R$ 1,1 bilhão em digitalização

Na visão de Waltrick, a remuneração das hidrelétricas pelos serviços prestados ao setor elétrico deve ser rediscutida, já que a geração hídrica tem sido essencial no aproveitamento das renováveis.

“Acionar e desligar turbinas tem um custo e esses equipamentos não são construídos para ficar acionando e desacionando diariamente”, pontua.

“É preciso entender como remunerar as hidrelétricas pelo serviço que elas prestam para a estabilidade do sistema. Sem elas, teríamos baterias que são muito mais caras — talvez seis vezes mais caras —, e todo o sistema pagaria, iria para o consumidor final”.

A Spic Brasil investiu R$ 780 milhões em dois parques eólicos no Rio Grande do Norte, com previsão de entrega em junho de 2026. Ao mesmo tempo, a empresa segue investindo em parques solares no Nordeste.

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