RIO — A Corio Generation e a Prumo anunciaram na quarta (27/3) a assinatura de um Memorando de Entendimento (MOU) para estudar a implantação de projetos eólicos offshore no Porto do Açu, no norte do estado do Rio de Janeiro, durante o evento Brazil Offshore Wind Summit, no Rio de Janeiro.
“Uma das grandes vantagens desta área aqui do Brasil é o fato de que você tem estes centros de demanda enormes para a eletricidade, que já estão aqui. E você tem estes portos muito capazes, com proprietários de portos muito capazes, que são capazes de se preparar e, você sabe, proporcionar o tipo de portos necessários para a construção, para desenvolver equipamentos, para permitir a acesso aos portos de grandes embarcações para serem descarregadas e, depois, trabalhar direto pela manutenção dos projetos e operações”, explicou Jonathan Cole, CEO da Corio, em entrevista exclusiva ao TotalEnergies Studio, produzido pela epbr. Veja a íntegra da entrevista.
O plano da Corio é desenvolver cinco parques no Brasil, somando até 6 GW no total, entre as costas do Nordeste, Sudeste e Sul. Cada parque é projetado para ter 1,2 GW. Globalmente, o portfólio de projetos da companhia é de mais de 30 GW nas Américas, Ásia-Pacífico e Europa.
A viabilidade dos investimentos no Brasil, no entanto, depende da aprovação de um marco legal, avalia Ricardo De Luca, CEO da Corio Generation no Brasil.
“Projetos eólicos offshore exigem investimentos maciços que só podem ser feitos por grandes empresas. Esses projetos levam muito tempo para amadurecer, geralmente de 7 a 10 anos para serem concluídos. Esperamos, portanto, que este quadro regulamentar seja aprovado o mais rapidamente possível e que possamos avançar com estes projetos”, disse durante o evento.
“Esta é uma oportunidade única para impulsionar a industrialização do Brasil com custos competitivos de energia renovável”, completou.
Até janeiro de 2024, o Ibama contabilizava 234 GW em parques com pedidos de licenciamento na costa brasileira.
No caso do Açu, Rogério Zampronha, CEO da Prumo, afirma que são 33 GW de projetos eólicos offshore aguardando licenciamento.
“Considerando que aproximadamente 35% do custo de um projeto eólico depende de fatores logísticos, a infraestrutura existente no porto o torna incomparável para a instalação desses parques”, defende o executivo.
O MoU acordado entre a Corio e a Prumo envolve a avaliação de reserva potencial de uma área dedicada para a futura instalação, operação e manutenção de parques eólicos.
Sinergia entre petróleo e eólica offshore
A Prumo está postando também na sinergia entre a indústria petrolífera e o nascente mercado de eólicas offshore para atrair investimentos para o complexo portuário do Açu.
O diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Prumo, Eduardo Kantz, destacou nesta terça (26/3) que o Açu tem vocação para funcionar como um porto-indústria. E que a intenção da companhia é atrair fornecedores de bens e serviços do setor eólico para a retroárea do porto, a exemplo do que ocorreu na indústria de óleo e gás.
“Então, quando se pensa na logística de um projeto de eólica offshore, qualquer semelhança não é mera coincidência [com a indústria do petróleo]. O modelo que se desenha para a inserção de uma eólica offshore, desde o seu primeiro estágio de desenvolvimento, passando pela instalação, a operação e manutenção, e até mesmo a fase final de descomissionamento, depende de uma logística muito semelhante ao que a gente tem hoje no Porto do Açu”, disse Kantz ao TotalEnergies Studio durante a Brazil Offshore Wind Summit no Rio. Veja a íntegra da entrevista.