Liquid Gas Week

Copa Energia avalia importar botijões para atender programa Gás do Povo

Indústria nacional não tem capacidade para suprir a demanda, diz CEO Pedro Turqueto à eixos

RIO — A Copa Energia avalia recorrer à importação de botijões de gás para atender ao crescimento da demanda gerado pelo programa Gás do Povo, do governo federal. disse nesta terça-feira (23/9) o CEO da distribuidora, Pedro Turqueto.

“Meu time já foi para a China, para fazer os primeiros contatos com os fornecedores”, disse o executivo, em entrevista ao estúdio eixos, durante a Liquid Gas Week 2025, no Rio de Janeiro.

Turqueto explicou que a indústria nacional não tem capacidade para suprir a necessidade adicional de botijões:

“A indústria nacional vem num rate [ritmo] de entrega de 1,5 [milhão] a 2 milhões de botijões por ano. Mesmo que dobrem turno, não vão ter capacidade de entregar toda a necessidade.”

Riscos regulatórios impõem dilema

Segundo ele, a Copa Energia investe anualmente entre R$ 350 milhões e R$ 400 milhões em botijões e requalificação.

Esse valor precisará dobrar em 2025, por causa do programa. Para isso, contudo, Tuqueto prega estabilidade regulatória.

“A gente precisa ter a segurança que esse investimento vai ter o retorno em um prazo maior.”

O executivo alertou que a reforma regulatória em discussão, no setor, impõe riscos que podem comprometer os investimentos:

“Pode ser que a partir de amanhã esse botijão vocês percam, não exista mais o respeito de marca e não exista mais exclusividade de enchimento do ponto de vista do distribuidor que fez aquele investimento.”

Turqueto se refere à possibilidade, em avaliação pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do enchimento de botijão por marcas diferentes.

O entendimento é que a manutenção da proibição do enchimento por outras marcas favorece a estabilidade do market share dos distribuidores e gera barreira à entrada de novos agentes no mercado, em razão da exigência de quantidade mínima de vasilhames de marca própria.

“Então você fica nesse dilema de fazer o investimento… vis-a-vis o que vai acontecer na regulação”, complementou Turqueto.

Outros destaques da entrevista

  • O programa Gás do Povo pode elevar a demanda de GLP entre 4% e 7%, com incremento de consumo principalmente entre famílias que hoje utilizam lenha.
  • A adesão dos revendedores será voluntária, o que pode criar desafios logísticos e de margem para as distribuidoras.
  • A Copa Energia já mantém diálogo com Petrobras e demais agentes sobre a necessidade de ampliar importação de molécula para atender à nova demanda.
  • O executivo criticou mudanças propostas na regulação do setor – como o fim da exclusividade das marcas – que, segundo ele, podem gerar riscos de segurança e evasão fiscal.
  • A empresa avalia também novos investimentos em biometano, mas considera que o gás renovável só deve ganhar escala no fim da década.

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