RIO – O CEO da Brava Energia, Décio Oddone, acredita que o Brasil está no limite para decidir se vai explorar novas fronteiras e evitar o declínio da produção de petróleo e gás na próxima década.
“Esse tempo não pode continuar correndo, senão a gente vai começar a ver um declínio mais acentuado da produção por meados da década que vem. E aí a gente vai ter que começar a importar [petróleo] por conta disso”, disse em entrevista ao estúdio eixos durante a ROG.e 2024, no Rio. (Assista na íntegra acima.)
O executivo lembrou que ainda não está claro de qual região poderia vir uma eventual expansão futura no país, por isso, é importante avançar com os movimentos de exploração.
“Mesmo que o poço seja bem sucedido, um poço só não é suficiente para você fazer um plano de desenvolvimento. Você precisa fazer um poço de extensão da descoberta. Quanto tempo vai levar isso? E quanto tempo vai levar para desenvolver? Então, mesmo que a gente tenha sucesso, a gente vai levar muito tempo ainda para colocar esse sistema de produção”, disse, em referência aos esforços da Petrobras explorar a Margem Equatorial.
Para Oddone, o país pode ter que se adaptar a um cenário de maior restrição de recursos caso decida abrir mão da produção futura de petróleo.
“Petróleo é arrecadação, petróleo é renda, mas petróleo também é divisa. E divisa ajuda no dólar, que ajuda na inflação, que impacta na taxa de juros. Tudo isso está concatenado” ressaltou.
Ele lembrou que ainda há espaço para aumentar o fator de recuperação e a produção em campos maduros, mas ressaltou que esses recursos não vão conseguir compensar o declínio da produção dos campos maiores.
Oddone defendeu ainda que a regulação precisa distinguir os grandes produtores dos independentes.
“Embora a gente viva um bom momento no lado das independentes, eu vejo um cenário preocupante, que ainda não está visível, no lado da produção do país como um todo”, disse.
O executivo assumiu em agosto o cargo de CEO da Brava, com a junção entre a 3R Petroleum e a Enauta. Um dos principais motivadores para a fusão foi a sinergia entre os ativos das companhias.
Ele não descartou, no entanto, eventuais desinvestimentos, com a venda de ativos para outras empresas. Segundo Oddone, o objetivo da companhia é manter os projetos de melhor retorno.
“O nosso jogo não é um jogo de volume, a gente não está preocupado em ter um volume de produção, a gente está preocupado em ter maximização de resultado e rentabilidade adequada para os investimentos dos nossos acionistas”, disse.