Petróleo e derivados

Atração de novos investimentos para combustíveis vai depender do custo Brasil, diz Felipe Pérez

O custo Brasil é um fator determinante para a atração de novos investimentos para o país, tanto para refinarias quanto para a produção de biocombustíveis avançados, na visão do diretor de Downstream para a América Latina da S&P Global Commodity Insights, Felipe Pérez.

Em entrevista ao estúdio eixos na terça (24/9), Pérez afirmou que o Brasil não necessariamente precisa ser o desenvolvedor, por exemplo, de uma tecnologia nova para a fabricação de combustível sustentável de aviação (SAF), mas pode se posicionar para criar as condições para atrair esses investimentos.

Ele cita os incentivos que o mercado americano fornece para o desenvolvimento de rotas tecnológicas para combustíveis avançados, como o Inflation Reduction Act (IRA), criado para promover o crescimento econômico com sustentabilidade. O IRA é considerado o maior pacote já aprovado pelo Congresso dos EUA para o combate às mudanças climáticas, com US$ 369 bilhões para energia limpa.

“O Brasil não tem o bolso que os EUA têm para criar um incentivo financeiro, como é o IRA, mas tem como criar as condições para trazer esse dinheiro para cá”, disse.

A respeito da demanda por combustíveis, Pérez projeta crescimento no país até estagnar entre 2035 e 2040.

“O Brasil tem ainda um potencial de crescimento, com algumas mudanças nas nossas projeções, com as perspectivas de eletrificação, por exemplo, mas a gente vê um crescimento ainda saudável”, disse.

Sobre os preços do petróleo no mercado global, o diretor explica que a commodity é influenciada por aspectos geopolíticos, que exercem um prêmio no preço.

“Se esse risco geopolítico não está associado a uma interrupção ou da oferta ou da demanda, esse prêmio não é tão muito grande”, disse.

Pérez avalia que o mundo ainda está passando pela fase de recuperação da demanda pós-pandemia e entrando na fase de crescimento.

Para ele, o balanço entre oferta e demanda tem mantido os preços do barril entre US$ 70 e US$ 80, em um cenário em que países de fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) têm produzido grandes volumes, enquanto a organização tenta fazer a gestão da fatia de mercado que detém.

Segundo Pérez, um movimento que poderia ajudar a baixar os preços no mercado internacional seria a continuação do calendário para o relaxamento das restrição de produção na Opep. Recentemente, o grupo adiou em dois meses a data prevista para começar a relaxar os cortes de produção.

“Eles não estão soltando essa produção e estão tentando entender a perspectiva para 2025”, afirmou.