Energia

Apagão em São Paulo: "Não podemos ficar quatro dias para recompor o sistema", diz diretor da Aneel

Ricardo Tili disse que setor precisa trabalhar para reduz tempo de resposta em caso de eventos climáticos como o que deixou parte de São Paulo sem luz nos últimos dias

Diretor da Aneel, Ricardo Tili [na imagem], é o relator do processo para liberar a operação da linha de transmissão no Acre (Foto Divulgação)
Diretor da Aneel Ricardo Lavorato Tili (Foto Divulgação)

O setor de distribuição de energia precisa se preparar para responder mais rapidamente a eventos climáticos como o que causou o apagão no último fim de semana em São Paulo, disse Ricardo Tili, diretor da Aneel, nesta terça-feira (7/11) durante o Sendi 2023, em Vitória (ES).

O apagão causado pela forte chuva na sexta-feira deixou 4,2 milhões de residências sem luz em sete áreas de concessão no estado de São Paulo, principalmente na Região Metropolitana. Na capital, atendida pela Enel, ainda havia consumidores sem energia na terça-feira.

“Temos que dividir em dois pilares. O primeiro é o que eu posso fazer para ser menos atingido por esses eventos climáticos extremos. Se levantou a questão da rede subterrânea, o custo é muito caro, não é. Vai ter que se rediscutir o modelo todo. Onde é viável, onde não é. E a outra que eu também acho muito importante é melhorar o tempo de resposta”, disse.

“Não podemos ficar quatro dias para recompor o sistema — lógico, com toda a dificuldade da cidade de São Paulo, toda a questão da arborização grande, toda a tragédia que foi noticiada pela mídia nacional —, mas entendo eu que nós não podemos ficar quatro dias para voltar com o sistema 100%.”

Na terça-feira, havia 30.200 clientes sem luz em São Paulo, segundo a Enel, o que 1,43% do total de consumidores afetados. Dos registros totais de clientes com falta de luz com mais de 24h, são cerca de 107 mil, incluindo os 30.200 de sexta-feira.

“A companhia reforça que está atuando com mais de 3 mil técnicos nas ruas e que têm trabalhado de forma incansável para reconstruir trechos inteiros da rede elétrica, garantindo a energia para todos”, afirmou a Enel em nota.

Ressarcimento e possíveis sanções

A Aneel abriu processos para apurar as responsabilidades das distribuidoras no apagão. A falta de energia aconteceu em sete áreas de concessão, operadas pelas distribuidoras Enel São Paulo, CPFL Santa Cruz, CPFL Paulista, CPFL Piratininga, Elektro, Energisa Sul-Sudeste e EDP.

O objetivo é, junto com agência estadual Arsesp, a “apuração de responsabilidades, avaliação dos procedimentos de recomposição do serviço e aplicação das sanções cabíveis”.

A Aneel afirmou que dará prioridade à análise dos processos de ressarcimento por danos elétricos aos consumidores e identificação de podas e remanejamento de árvores que tragam riscos à operação.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu que a Enel São Paulo seja “rigorosamente” punida caso a apuração mostre falha da empresa na demora pelo reestabelecimento de energia em São Paulo.