Petróleo e Gás

Ainda é possível ter leilões de petróleo em 2024, diz João Correa

Presidente da TGS no Brasil acredita que dá para reverter decisão da ANP se 'indústria e sociedade se movimentarem'

João Correa, presidente da TGS no Brasil, em entrevista ao estúdio epbr durante a ESG Energia e Negócios do IBP, no Rio, em 28/5/2024 (Foto: Victor Curi/epbr)
João Correa, presidente da TGS no Brasil, em entrevista ao estúdio epbr durante a ESG Energia e Negócios do IBP, no Rio (Foto: Victor Curi/epbr)

RIO – Ainda é possível fazer leilões de óleo e gás este ano se a indústria e a sociedade se mobilizarem para agilizar o processo de análise e liberação das áreas exploratórias pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), afirmou João Correa, presidente da TGS no Brasil, ao estúdio epbr, durante a ESG Energia e Negócios, promovida pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), no Rio de Janeiro. Assista na íntegra acima.

A previsão de não realizar leilão este ano foi anunciada pelo diretor-geral da agência reguladora, Rodolfo Saboia. A parada foi motivada pela decisão do Conselho Nacional de Politica Energética (CNPE) de aumentar os percentuais de conteúdo local.

Saboia explicou que a agência vai aproveitar a mudança para também fazer uma revisão geral das áreas, e retirar as mais ambientalmente sensíveis, que reduzem a atratividade do leilão.

João Correa, da TGS, disse que discorda da decisão de parar a oferta permanente, pois, segundo ele, há um grande interesse das petroleiras nas áreas exploratórias e a audiência pública não acrescentaria informações novas ao processo de revisão.

“Eu ainda não joguei a toalha. Eu ainda acho que isso é reversível (…) Eu fico perguntando: para que essa audiência pública? Uma audiência pública completa que leva nove meses para acontecer. Você acha que em uma audiência pública, eu, qualquer pessoa vai pegar o microfone, vai falar alguma coisa contra a nova política de conteúdo local e o CNPE vai dizer assim, é mesmo, a gente não tinha pensado nisso. Não vai acontecer”, disse o executivo.

“Nossos dados têm sido vendidos, as empresas têm interesse em entrar no Brasil. Você viu o sucesso que foi a Bacia de Pelotas. Então, nós vamos abrir mão disso. Então, eu ainda acredito que se a indústria, se nós, a sociedade, se movimentar, eu acho que a gente pode ter um leilão ainda esse ano.”

Correa explicou que a pressa se justifica pelo fim do prazo das manifestações conjuntas dos ministérios de Minas e Energia (MME) e do Meio Ambiente (MMA). Sem essa autorização, os blocos ficam impedidos de serem ofertados.

“No ano que vem, se não houver qualquer mudança, todos os blocos que hoje estão em oferta, eles deixam de estar em oferta, porque suas manifestações conjuntas, MME e MMA, que dão suporte à sua oferta, elas vencem, porque elas têm prazo de validade de 5 anos, e há mais de 4 anos nós não temos uma manifestação conjunta do MME e MMA”, disse.

Apagão na indústria do petróleo

De acordo com o executivo, as decisões sobre o aproveitamento ou não dos recursos petrolíferos estão sendo tomadas pela inação, e é necessário um posicionamento de estado sobre o tema, baseado em análises técnicas.

“Eu acho que, não sei se conscientemente ou inconscientemente, nós estamos desenhando um apagão na indústria do petróleo”, disse Correa. “A gente tem que começar a se organizar, a pressionar por isso, porque, senão, a gente vai acatar uma decisão que parece que deixou-se de fazer. Não é uma ação, é uma inação. E tudo que é feito com inação, eu não acho que seja uma decisão pensada e séria.”

Segundo Correa, os dados da Margem Equatorial estão sendo mapeados, com um nível de detalhe muito maior do que em outros locais do mundo. A TGS pretende fazer uma campanha na Bacia do Pará-Maranhão e já fez na Foz do Amazonas. A CGG tem levantamento em Barreirinhas.

“Todo o Golfo do México, o baseline de informação ambiental para o Golfo do México nos Estados Unidos, custou 5 milhões e meio de dólares. Foram 10 campanhas, 10 anos, 5 milhões e meio de dólares. Nós vamos, em uma única sísmica investir 12 milhões de dólares [no Brasil]”, disse.

“Nós estamos gerando aí conhecimento ambiental suficiente para poder decidir se existe aptidão ou não para as áreas. Se não houver aptidão, como você disse, começou a pergunta, é, o Estado decide. A Noruega tem regiões que eles não exploram. O Brasil, nós temos o nosso Jacuípe que ninguém explora. Então, você pode criar, mas com base em ciência, com base em dados.”

Cobertura da epbr na ESG Energia e Negócios