Combustíveis e Bioenergia

Venda da Lubnor (CE), da Petrobras para Grepar, vai ao Tribunal do Cade

Conselheiro Victor Oliveira Fernandes vê riscos anticompetitivos que precisam ser melhor avaliados

Venda da Lubnor (CE), da Petrobras para Grepar, vai ao Tribunal do Cade. Na imagem: Refinaria Lubnor, em Fortaleza, no Ceará (Foto: Juarez Cavalcanti/Agência Petrobras)
Refinaria Lubnor, em Fortaleza, no Ceará (Foto: Juarez Cavalcanti/Agência Petrobras)

RIO — A venda da Lubnor (CE), da Petrobras para a Grepar, será levada ao Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A operação, no valor de US$ 34 milhões, havia sido aprovada em dezembro pela Superintendência-Geral (SG) do órgão antitruste, sem restrições, mas o conselheiro Victor Oliveira Fernandes identificou riscos anticompetitivos que precisam ser melhor avaliados.

A informação foi antecipada aos assinantes do político epbr, serviço exclusivo de cobertura de política energética.

A Lubnor é uma refinaria com capacidade de processamento de 8 mil barris/dia e que tem como principal produto o asfalto. A venda do ativo é alvo de oposição de empresas do setor de distribuição de asfaltos, concorrentes da Grepar — que atua no segmento por meio da Greca Distribuidora.

A SG/Cade entendeu que a aquisição “resulta em integração vertical entre a produção de asfaltos, na Lubnor, e a distribuição de asfaltos pela Greca”.

Destacou, no entanto, que essa integração vertical não é inédita no setor. E citou o caso da Stratura, que entre 2007 e 2019 foi controlada pela Petrobras, dentro de um modelo de negócios vertical.

Concorrentes apontam riscos

O despacho de avocação, de autoria do conselheiro Fernandes, funciona como um recurso administrativo em face das decisões da SG. Fernandes destacou que os recursos apresentados pelas empresas Iconic Lubrificantes e Holding GV “merecem ser melhor analisados”.

A Asfaltos Nordeste, da Holding GV, alega que o déficit de produção de asfalto na região Nordeste é “compensado por refinarias de outras regiões, desconsiderando o custo de transporte envolvido”. Lembra que o sistema Petrobras opera dentro de uma lógica integrada — o que não acontecerá pós-privatização.

Já a Iconic alerta para os riscos na continuidade de suprimento de óleo bruto naftênico. Argumenta que as condições que permitem à Petrobras produzir o produto na Lubnor não poderiam ser replicadas no curto ou médio prazo pela compradora.

A venda da Lubnor atende ao compromisso firmado pela Petrobras com o Cade em 2019, para abertura do mercado de refino.

É a quarta unidade negociada pela Petrobras, dentro do pacote de oito unidades incluídas no acordo. Duas foram, de fato, vendidas até o momento: a RLAM (Mataripe), na Bahia, para o fundo Mubadala; e a Reman, em Manaus (AM), para o grupo Atem.

Além disso, a Petrobras tem contrato assinado para alienação da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná, para a F&M Resources. O negócio ainda não foi concluído.