Transição energética

Vale testa caminhões elétricos nas minas do Brasil e Indonésia

Primeiros a serem utilizados por uma mineradora global, os veículos de 72 toneladas vão substituir a frota a diesel e serão abastecidos com energia renovável

Vale testa caminhões elétricos nas minas do Brasil e Indonésia
O caminhão elétrico de 72 toneladas em operação na Indonésia (Foto: Vale/Divulgação)

BRASÍLIA — A mineradora Vale anunciou nesta quinta (18/8) o início dos testes com dois caminhões fora de estrada de 72 toneladas movidos a bateria, nas minas de Água Limpa, em Minas Gerais, e de Sorowako, na Indonésia.

Primeiros a serem utilizados por uma mineradora global, os veículos substituem o diesel por eletricidade provenientes de fontes renováveis, e ainda reduzem ruídos, minimizando os impactos nas comunidades que moram no entorno das operações.

Segundo a Vale, os equipamentos foram produzidos pela XCMG Mining Machinery, subsidiária da maior fabricante de máquinas da China, e representam mais um passo na eletrificação dos seus ativos.

Em 2019, a companhia firmou meta de zerar suas emissões líquidas de carbono escopos 1 e 2 até 2050. Para isto, estima investir entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões.

Atualmente, as emissões dos caminhões fora de estrada a diesel representam cerca de 9% do total de emissões de escopo 1 e 2 da Vale.

As emissões de Escopo 1 são resultado direto das atividades; Escopo 2, consumo de energia; Escopo 3 são emissões da cadeia de suprimentos e produtos.

Mudança tecnológica

A indústria de mineração precisa de tecnologias de carga rápida e em escala, capazes de fornecer cerca de 400 kWh para carregar e impulsionar um caminhão dentro do ciclo de transporte, que envolve carga, deslocamento, despejo, retorno e fila.

Os caminhões fora de estrada elétricos de 72 toneladas em teste pela Vale têm baterias de lítio com capacidade de armazenamento de 525 Kwh, podendo operar até 36 ciclos, pouco mais de um dia de operação, sem necessidade de parar para recarregar.

Além disso, a tecnologia permite regenerar a energia durante as descidas, e promete reduzir o uso de freio mecânico, manutenção e vibração.

Também permite adaptação às altas temperaturas, umidade e períodos de chuvas intensas.

“Vemos esta parceria com a XCMG como mais um passo importante em nossa relação de longo prazo com a China, e na direção por uma mineração mais sustentável”, comenta Alexandre Pereira, vice-presidente executivo de Soluções Globais de Negócios da Vale.

Redução de emissões

Os novos caminhões fazem parte do programa PowerShift, da Vale, que pretende substituir combustíveis fósseis por fontes limpas em suas operações, investindo em soluções para eletrificar minas e ferrovias da empresa.

“Nossa intenção é ampliar, em conjunto com parceiros globais, o desenvolvimento e a cocriação de tecnologias que respeitem o meio ambiente e zerem as emissões”, destaca Pereira.

Além do caminhão 100% elétrico, a estratégia da Vale conta ainda com a operação de locomotivas movidas a bateria nos pátios dos portos de Tubarão, em Vitória, e de Ponta da Madeira, em São Luís.

No Canadá, o Powershift também tem realizado testes com equipamentos elétricos em minas subterrâneas – atualmente, há cerca de 40 em operação.

Parceria com BHP e Rio Tinto

Em maio do ano passado, as três das maiores mineradoras do mundo, BHP, Vale e Rio Tinto, lançaram uma chamada global para atrair empreendedores e startups e desenvolver soluções de eletrificação para grandes caminhões usados em minas.

O Desafio de Inovação Charge On quer gerar soluções para substituir o diesel por baterias e, assim, reduzir emissões de gases do efeito estufa nas operações das três companhias, todas comprometidas com metas de carbono neutro até 2050.

Por se tratarem de grandes caminhões, o desafio será diminuir o tempo de carregamento dos veículos, que atualmente é muito longo e prejudica a produtividade.